A PMESP (Polícia Militar do Estado de São Paulo) deu sequência nesta terça-feira à programação do 3º aniversário do 8º Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia) com a palestra “O Ministério Público e o enfrentamento à organização criminal – Perspectivas atuais”, ministrada pelo promotor do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), Lincoln Gakiya, ao efetivo do batalhão.
Na ocasião, o promotor de Justiça reforçou que a facção criminosa que atua dentro dos presídios paulistas hoje é considerada uma organização criminosa transnacional, ou seja, tem atuação no Brasil e em outros países da América do Sul, Europa, e, inclusive, nos Estados Unidos. Em seu turno, reforçou a atual situação do combate ao crime organizado, sobretudo as ações integradas do MPE (Ministério Público Estadual) com a Polícia Militar, principalmente junto aos Batalhões de Ações Especiais.
À reportagem, Gakiya reforçou que a organização citada já “atinge um caráter mafioso”. “Desde 2006, essa facção criminosa que atua dentro dos presídios paulistas cresceu muito. Antes considerávamos como uma facção, hoje consideramos como uma organização criminosa transnacional”, explica. “Hoje, nosso interesse é o combate, mas também o estudo desse fenômeno que é a organização criminosa”, acrescenta.
Ainda segundo o promotor, a parceria do MPE com a Polícia Militar do Estado de São Paulo no combate ao crime organizado é histórica, e ele, inclusive, trabalha com esta soma de esforços de forma ininterrupta desde 2006. À reportagem, ele detalhou que a PMESP tem cedido policiais para trabalhar nas análises e investigações, por isso a parceria é “muito exitosa e proveitosa” para o Ministério Público. “Acredito que essa parceria também é importante para a Polícia Militar, pois com o andamento das investigações, ela também consegue qualificar as ocorrências, uma vez que muitas delas resultam em apreensões de drogas, armamentos e indivíduos foragidos, por exemplo”.
Por fim, reforça que essa parceria é importante para ambas as instituições, uma vez que o MPE consegue uma investigação mais qualificada com a presença da PMESP, que tem uma capilaridade que atinge todos os municípios do Estado. “Além de ser a maior polícia do país, é talvez uma das maiores do mundo com cerca de 100 mil policiais militares”, acrescenta.
Desde 2006, Lincoln Gakyia atua na repressão ao crime organizado. Desde então, o nome dele foi manchete em diversos noticiários nacionais após receber ameaças de morte em cartas apreendidas em penitenciárias. Diante disso, teve a segurança familiar reforçada e vive cercado de policiais fortemente armados.
Em 2019, foi o responsável pelo pedido de transferência de 22 líderes da facção criminosa que atua dentro e fora do Estado de São Paulo, a presídios federais. “Tenho minha liberdade silenciada, não tenho mais vida social para jantar fora, por exemplo, porque minha rotina é 24 horas rodeada por policiais fortemente armados”, afirmou em entrevista a este diário à época.
Mesmo após as transferências, o trabalho não terminou. Atualmente, o promotor do Gaeco atua em conjunto com a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária) e polícias em diversas operações, a fim de garantir a segurança pública.
O 8º Batalhão de Ações Especiais de Polícia, subordinado ao CPI-8 (Comando de Policiamento do Interior), foi criado por meio do Decreto nº 64.109, de 8 de fevereiro de 2019, e instalado na cidade de Presidente Prudente em 11 de abril de 2019, com o objetivo de atuar em apoio aos batalhões que integram o CPI-8, sendo estes o 18º BPM/I (Batalhão de Polícia Militar do Interior), sediado em Presidente Prudente; o 25º BPM/I, sediado em Dracena; o 32º BPM/I, de Assis; e o 42º BPMI, sediado na cidade de Presidente Venceslau.
Neste sentido, ao 8º Baep incumbe atuar nos 67 municípios que agrupam os quatro batalhões subordinados ao CPI-8, os quais alcançam a maior parte das regiões do oeste paulista e da nova alta paulista do estado de São Paulo, cuja população soma aproximadamente 1,2 milhão de habitantes.
O 8º Batalhão de Ações Especiais de Polícia completou três anos de inauguração com a prisão de 825 pessoas durante esse período. Desse total, 590 pessoas foram presas em flagrante por crimes diversos, 235 por cumprimento de mandados, além da apreensão de 73 adolescentes.
Em três anos também foram retiradas de circulação 4,8 toneladas de drogas e 107 armas de fogo. As atividades operacionais registraram 38,4 mil pessoas abordadas e 7,3 mil veículos vistoriados. “Esta produtividade é resultado de ferramentas como abordagens e fiscalizações de veículos, na área que abrange o Comando de Policiamento do Interior – Oito, ou seja, 67 cidades do oeste paulista. Isso é fruto de treinamentos constantes e do estabelecimento de procedimentos que auxiliam no combate a criminalidade e na proteção das pessoas”, relata o major Marcelo Moura Leite, comandante interino do 8º Baep.
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