Cerca de 50 funcionários da construtora OAS fizeram uma manifestação na manhã de ontem, nas margens da rodovia Raposo Tavares (SP 270), km 555, em Regente Feijó. O intuito, segundo eles, foi chamar a atenção da diretoria e protestar contra uma suposta ação da empreiteira em relação à greve, que considerou a paralisação irregular e determinou o retorno das atividades hoje.

De acordo com a Assessoria de Imprensa da OAS, a empresa espera que o Sintrapav (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada, Infraestrutura e afins do Estado de São Paulo)e os trabalhadores cumpram a determinação legal e voltem a trabalhar ainda hoje. "A OAS informa que em audiência ocorrida no dia 11 de junho, no Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, a greve foi julgada ilegal e abusiva, tendo o TRT determinado o imediato retorno dos colaboradores ao trabalho, bem como a compensação dos dias parados, sob pena de aplicação da legislação trabalhista vigente para aqueles que não cumprirem a decisão judicial", detalha a construtora em nota.

Oliveira: "Direito de um não pode atrapalhar o dos demais"

Os manifestantes chegaram a interromper a pista por alguns minutos, porém, o fluxo foi logo liberado com a chegada da Polícia Rodoviária.  O protesto não foi acompanhado por nenhum representante do sindicato. De acordo com José Roberto da Silva, 31, motorista de veículo pesado da empresa, a atitude foi tomada após receberem um boletim interno de comunicação, onde a construtora declarou que a greve foi considerada irregular e que os funcionários deveriam retornar às atividades nesta sexta-feira.

Ainda no boletim, segundo Silva, havia a informação que o descumprimento da ordem poderia acarretar a demissão por justa causa. "Falaram que era para os funcionários virem aqui hoje para saber sobre as negociações, mas quando chegamos recebemos este comunicado", conta. Silva lembra que na terça-feira houve uma reunião entre os representantes da empresa, do Ministério do Trabalho e de membros do sindicato da categoria, justamente para discutir sobre as solicitações dos empregados. "Queremos a presença de membros da diretoria para nos dar explicações", pontua.

Para o armador Francisco Lopes da Silva Filho, 63, os "trabalhadores só querem o que têm de direito". Ele diz que até o momento nada foi decidido e, por isso, a greve vai continuar. "O reajuste de 15% que solicitamos é um direito do trabalhador. Nossa atividade é considerada de risco, pois fazemos obras nas rodovias", expõe. Ele ressalta que o dissídio exigido é para "atender as necessidades de todos".

O comandante da 2ª Companhia da Polícia Militar Rodoviária de Presidente Prudente, capitão Alessandro Ricardo de Oliveira, explica que o fluxo de veículos no local não foi alterado e que a permanência dos policiais iria ser até o fim da manifestação. "Chegamos bem na hora que eles estavam colocando os cones na pista. Mas orientamos que não continuassem", expôs. O capitão alerta que as manifestações podem ocorrer, mas "que o direito de um, não pode atrapalhar o dos demais". "Estamos aqui para garantir a fluidez do trânsito", conclui.

 

Greve

Aproximadamente 800 trabalhadores da construtora OAS, responsáveis pelas obras de duplicação da rodovia Raposo Tavares, nos trechos entre Rancharia e Presidente Epitácio, entraram em greve no dia 2 de junho. Os funcionários reivindicam um dissídio salarial entre 10% e 15%, contra os 7% oferecidos pela empresa. Além disso, a categoria pleiteia um acréscimo no tíquete-alimentação.