Há pouco mais de um ano e meio, Luciano Luiz Leite da Silva, o frei Jacó, que atuou durante 4 anos como diretor administrativo do HR (Hospital Regional) “Doutor Domingos Leonardo Cerávolo”, de Presidente Prudente, se dedica em uma nova missão em terras lusitanas. Atualmente, na cidade de Braga, Portugal, trabalha como diretor-geral do Centro de Acolhimento “O Poverello”, que se trata de uma Unidade de Cuidados Continuados e Paliativo, além de anunciar a “boa nova”, a evangelização.
Antes de tudo, “O Poverello”, nome pelo qual as populações reconheciam Francisco de Assis, significa “pobrezinho”. É um diminutivo de povero (pobre, em italiano). Era assim que as pessoas da Itália no século XIII recebiam com ternura e bondade São Francisco.
E foi assim, cumprindo as dimensões do carisma da fraternidade, inspirados nos passos de São Francisco de Assis, que o frei Jacó reforçou o dogma franciscano de missão, assistência social e contemplação. De acordo com ele, a instituição a qual pertence, Fraternidade São Francisco de Assis na Providência de Deus, foi começar um novo trabalho a convite das autoridades eclesiásticas de Portugal. A responsabilidade, portanto, foi confiada a ele e também ao frei Marcos, e ambos têm como missão como já mencionado, cuidar de uma unidade de saúde, além de evangelizar.
O Centro de Acolhimento tem por missão acolher, cuidar e tratar enfermos dependentes que não encontram na família ou na sociedade resposta adequada à sua situação pessoal de saúde, bem como promover e defender a vida, mediante um fraterno acolhimento franciscano, alicerçado no desenvolvimento integral da pessoa humana e numa perspectiva de solidariedade. Neste sentido, “O Poverello” coloca à disposição de todos os seus utentes um conjunto de bens essenciais a fim de lhes proporcionar conforto e bem-estar durante a sua permanência no centro.
As diferenças, entre os dois países, são inúmeras, explica o frei – pois, muda legislação, modo de contratos, perfil nosológico do hospital, e por aí vai. “Confesso que tem sido um desafio maior do que eu pude imaginar. E, cá entre nós, Brasil é Brasil, por mais que tenhamos um SUS [Sistema Único de Saúde] com suas limitações, temos um networking mais acessível”, frisa o frei.
Com relação à pandemia da Covid-19, o diretor-geral explica que as restrições começaram atempadamente – no tempo adequado – em relação ao Brasil. Desta forma, muitos segmentos já voltaram a normalidade, habituando ao “novo normal” do país. “Os governantes nem sempre fizeram as melhores escolhas, todavia, houve muito consenso nas mesmas, daí foi mais fácil para a população aderir. Por Portugal ser um país pequeno e pertencer a União Europeia, fica muito a depender das decisões deste bloco”, comenta.
Atualmente, segundo ele, o sistema de saúde tem conseguido dar respostas às demandas e o país não teve caso de falta de cuidados intensivos. “Aqui temos uma saúde que trabalha de modo coparticipativo, ou seja, o cidadão contribui diretamente com as despesas. Isso ajuda muito. Graças a Deus o nosso hospital não teve nenhum caso da Covid-19 até o momento”.
Sobre o processo de adaptação em terras lusitanas frei Jacó afirma que será constante, tendo a cada dia a missão de aprender com algo diferente. “O que mais eu sinto falta é de estar com os brasileiros, nossa gente não tem igual. Mas, eu tive o privilégio de retornar ao Brasil em agosto do último ano. Às vezes, aqui fica claro, sou estrangeiro, ou seja, adaptar sempre ao modo de estar de cá”, expõe o frei ao comentar que os desafios enfrentados fora do Brasil são inúmeros, como a distância da família e dos amigos.
Frei Jacó é natural de Guararapes, interior de São Paulo e morou durante 10 anos no oeste paulista.
Fotos: Cedidas/ Arquivo Pessoal
Para o frei processo de adaptação em terras lusitanas será constante, com a missão de aprender algo diferente a cada dia
Acolhimento franciscano, alicerçado no desenvolvimento integral da pessoa humana e numa perspectiva de solidariedade