Fotógrafa enfrenta forma grave de dengue e alerta para riscos da doença

Camille Hieda Matsuno passou por complicações severas da dengue, precisou de internação na UTI e agora reforça a importância do repouso e da prevenção

PRUDENTE - ALINE MARTINS

Data 12/02/2025
Horário 06:10
Foto: Cedida/Arquivo pessoal
Braço de Camille após nove dias de alta
Braço de Camille após nove dias de alta

Na sexta-feira, dia 24 de janeiro, a fotógrafa Camille Hieda Matsuno, 40 anos, começou a apresentar sintomas característicos da dengue, incluindo febre, dores no corpo, dor de cabeça e mal-estar. Inicialmente, procurou atendimento na UPA Ana Jacinta. Como seu marido, o médico William Matsuno, estava de plantão em outro serviço, ele não pôde acompanhá-la naquele momento. O exame inicial realizado, conhecido como “prova do laço”, apresentou resultado positivo, confirmando o diagnóstico de dengue, classificada como tipo B. Os exames laboratoriais apontaram plaquetas em 254.000 e hematócrito dentro da normalidade. Foi recomendado repouso absoluto e hidratação intensa. “Infelizmente, não segui a recomendação e continuei trabalhando na sexta, sábado e domingo”, diz Camille, o que agravou seu estado de saúde.

Na segunda-feira, diante da piora dos sintomas, ela procurou atendimento no Hospital da Unimed de Presidente Prudente (Nossa Senhora das Graças). “Meu marido, Dr. William Matsuno, que integra o corpo clínico do hospital, realizou meu atendimento e tentou uma expansão volêmica, sem sucesso. Precisei ser internada, sendo reclassificada para dengue tipo C. Precisei aguardar a liberação de um leito, pois não havia disponível”, lembra.

Novos exames evidenciaram uma queda drástica nas plaquetas, que caíram de 254.000 para 50.000, enquanto o hematócrito permaneceu elevado. Mesmo recebendo seis litros de soro, os exames não mostravam melhora significativa. “O infectologista Rodrigo Ferro acompanhou meu caso, e o protocolo para dengue tipo C foi seguido rigorosamente, já que meu hematócrito estava altamente concentrado, atingindo 50%”.

O quadro clínico continuou a se agravar, com intensificação das dores no corpo, dor de cabeça e o surgimento de dor abdominal. Com a piora, Camille foi reclassificada para dengue tipo D. Suas plaquetas continuaram caindo: de 50.000 para 30.000, depois 20.000 e, por fim, chegaram a apenas 14.000, mesmo com suporte médico. “Diante desse cenário crítico, fui transferida para a UTI, onde permaneci por três dias”, conta.

Durante sua internação na UTI, Camille recebeu medicações para melhorar a concentração sanguínea, que estava excessivamente elevada. Além disso, precisou da administração de albumina humana devido ao acúmulo de líquido na cavidade abdominal, o que causava inchaço e dores intensas. “Somente no dia seguinte, após redução do líquido abdominal, houve um leve alívio dos sintomas. No entanto, as plaquetas continuaram em níveis alarmantes, oscilando entre 14.000 e 15.000”.

Após dias de internação e monitoramento rigoroso, as plaquetas começaram a subir gradativamente, atingindo 20.000, depois 30.000 e, finalmente, 50.000. Com a melhora do quadro clínico, Camille recebeu alta hospitalar, mas permaneceu em casa por uma semana em recuperação. Durante esse período, sofreu com extrema fraqueza, sendo incapaz de realizar atividades básicas sem se sentir cansada. “Pequenos esforços, como caminhar dentro de casa, me deixavam exausta. Após sete dias, consegui me movimentar um pouco mais, mas ainda não estou 100% e sigo sentindo muita fraqueza”, relata.

Além disso, deixou o hospital com hematomas nos braços, pernas, abdômen e costas por conta da trombocitopenia e às inúmeras coletas de sangue realizadas durante a internação. A fotógrafa também relatou que ainda sente dores de cabeça intensas, necessitando de analgésicos, que nem sempre são eficazes. “Apesar das dificuldades, meus exames demonstram normalidade e, felizmente, estou fora de perigo”, conta Camille.

O período de internação e recuperação – uma semana internada e uma em recuperação – trouxe impactos significativos para sua vida profissional. Atuante na fotografia de eventos infantis em Presidente Prudente e região, Camille precisou cancelar oito eventos, resultando em preocupação e prejuízo. Além disso, foi orientada a evitar atividades físicas por um mês, incluindo academia, ciclismo e corrida, práticas que tanto gosta, que fazem parte de sua rotina e que foram temporariamente suspensas devido à fadiga pós-viral. “Tive ajuda da minha mãe e sogra com meus filhos e minha casa, pois estava muito debilitada”, frisa.

A fotógrafa destacou a importância de seguir as orientações médicas desde os primeiros sintomas, alertando para a gravidade da dengue e os riscos de negligenciar o repouso adequado. “Espero que meu relato sirva de alerta para que outras pessoas levem essa doença a sério e sigam as orientações médicas rigorosamente. Assim como cada um deve deixar seu lar limpo e seguro”, enfatiza.

Gratidão e alerta

Por fim, Camille expressou sua gratidão a toda equipe do Hospital da Unimed de Presidente Prudente, incluindo funcionários da copa, enfermeiros, nutricionistas e médicos, pelo atendimento prestado durante sua internação. “A minha gratidão maior a Deus por ter me permitido retornar a minha casa com vida e saúde”.

Ela conta ainda que a sua rede social ficou em alta e recebeu mais de 500 mensagens no particular de pessoas relatando que também estavam com dengue ou tinha um membro da família com a doença. “Muita gente fazendo corrente de oração e com medo da dengue”, frisa.

Ainda em recuperação, Camille fez questão de pegar os dois filhos - Benjamin de 11 anos e Desirée de 14 -, e levá-los para vacinar. “Levei meus filhos para ser vacinados, pois a idade deles permite o acesso à vacinação contra a dengue, sendo eles com idade de alto risco”, alerta.

Fotos: Cedidas/Arquivo Pessoal


Camille quando estava na UTI, com os braços cheios de hematomas


Quando conseguia, Camille compartilhava sua angústia com seus seguidores


Camille levou os dois filhos para vacinar contra a dengue


Fotógrafa destacou importância de seguir orientações médicas desde primeiros sintomas

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