Uma descoberta fóssil poderá trazer novidades para estudos da região. Ontem, o Museu de Paleontologia de Marília (SP) divulgou que foram encontrados restos de uma ave que, até então, havia sido descoberta pela primeira vez há cinco anos, no Estado do Ceará. O material estava depositado no sítio paleontológico no Parque dos Girassóis, em Presidente Prudente. Essa é a segunda descoberta da espécie em solo brasileiro.
De acordo com o paleontólogo William Roberto Nava, a ave (Enantiornithes) viveu no período cretáceo, entre 70 e 80 milhões de anos atrás. Ele conta que há poucas informações sobre a espécie, mas afirma que possuía dentes, era carnívora e tinha tamanho comparado a de um beija-flor e pomba. Além do Ceará, ela também já foi encontrada na Argentina e China. “É um grupo bastante disperso em nível mundial”, afirma.
Durante as escavações feitas entre 2017 e 2019, no Parque dos Girassóis, os paleontólogos encontraram diversos ossos de aves em tamanhos pequenos. “É uma descoberta fantástica para a ciência brasileira e mundial, e provém dessas rochas”, comemora. Agora, tentam entender o motivo de tamanha acumulação de aves enterradas.
“Temos, no mínimo, três espécies diferentes que iremos descrever”, salienta William.
Além dos fósseis de aves, o pesquisador também divulgou achados de cobras que viveram na época dos dinossauros. Elas mediam em torno de 40 cm e foram conservadas. “Temos anfíbios, lagartos, microfósseis, dentes de dinossauros carnívoros, herbívoros e crocodiliano”, elenca. “Todo esse material está associado às rochas e misturado com os ossinhos das aves”.
“[A descoberta] é importante para a ciência brasileira, porque apresenta para os cientistas uma distribuição mais ampla desses animaizinhos pré-históricos que também viveram nessa parte do Estado de São Paulo”, considera William. “[Fósseis de] dinossauros nessa região são bastante comuns, mas ave pré-histórica é um registro raríssimo. Se tinha aves na Argentina e Austrália, tinha aqui em Prudente também”, explica. “É um super-registro”.
William Nava/Cedida - Foto do crânio da Enantiornithe
William Nava/Cedida - Esqueto da Enantiornithe encontrado em Prudente
SAIBA MAIS
O sítio paleontológico de Presidente Prudente passa por limpeza para facilitar novas escavações. Por conta da pandemia, a vinda de estudiosos estrangeiros não foi permitida, o que atrasou o trabalho.
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