No local em que o governador do Estado, João Doria (PSDB), pretendia leiloar em 20 de junho de 2021, pesquisadores encontram fósseis de dinossauros e crocodilianos. Durante as duas últimas semanas, pesquisadores e docentes de diversas áreas da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) realizaram expedições em áreas de Presidente Prudente, como a importante parceira Etec (Escola Técnica Estadual Prof. Dr. Antonio Eufrásio de Toledo), antigo Colégio Agrícola, na divisa de Alfredo Marcondes e o distrito de Floresta do Sul, numa fazenda de onde será retirada, nesta segunda-feira, o fóssil da cintura pélvica de um enorme dinossauro saurópode, com mais ou menos 1 metro no eixo anteroposterior e mais ou menos 2m de largura, e também no Distrito de Coronel Goulart, Álvares Machado.
A equipe composta por cinco pessoas, o professor e pesquisador André Eduardo Piacentini Pinheiro, 42 anos, da Faculdade de Formação de Professores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, campus de São Gonçalo, que é quem coordena os trabalhos, uma sub-coordenadora, dois alunos e um técnico, precisou voltar ao Rio, então, ficou com o diretor da Etec, Thadeu Henrique Novais Spósito, a responsabilidade de transladar o fóssil até a escola.
André, que esteve na mesma região em 2019, retornou para estes pontos com uma equipe reduzida formada por mais por especialistas, e, além de buscar novos pontos e revisar aqueles que já passaram anteriormente, se depararam com esse fato bastante interessante da pelve, que foi encontrada em 2013 pela professora Lilian Paglarelli Bergqvist, do campus Fundão da UFRJ.
“Ela veio com seus alunos para fazer prospecções na área. E encontraram essa parte que a gente chama de cintura pélvica de um saurópodes [que eram aqueles herbívoros que tinham patas colunares, pescoços e caudas bem compridos, uma cabeça bastante pequena em relação ao corpo]. Essa pelve é uma peça bastante grande”, frisa o pesquisador.
De acordo com André, quando a professora Lilian e seus alunos encontraram esse material, eles não tiveram equipamentos nem condições necessárias para extraí-lo. E, durante a estadia dele aqui nas duas últimas semanas, recebeu um alerta de que essa bacia estaria exposta ali há mais de 9 anos. Obviamente devidamente protegida, mas, segundo ele, já estava velada e, se não fosse resgatada com um curto tempo, poderia acabar se perdendo, uma vez que o pessoal mexe bastante no local, faz terraplanagem para plantações, expande a área de pasto, remove a terra.
André então entrou em contato com a professora Lilian, localizaram o ponto onde ela e seus alunos tinham encontrado e deixado essa pelve e ela o autorizou a preparar a peça em campo para retirá-la e removê-la. Agora, em 2022, na primeira semana das duas que ficaram na região, revisaram pontos e encontraram fósseis em Coronel Goulart, em Alfredo Marcondes, e, na última semana, separaram para a preparação, para engessar e retirar a peça.
“Contamos com a ajuda e toda logística importantíssima da Etec, cujo diretor Thadeu Henrique Novais Spósito, que virou um grande amigo meu, nos hospedou, forneceu materiais para ser feita essa extração. Mas, devido ao tamanho e à fragilidade da peça, as condições da rocha que não estavam das melhores, já estava temperizada, não tivemos o tempo necessário para içarmos e fazer o trabalho final de translado da pelve para a Etec. Então, ficou a cargo do parceiro Thadeu esse último esforço”, destaca o professor da UERJ.
André explica que a pesquisa em campo faz parte de um projeto que foi aprovado por um edital universal do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), que tem como foco prospectar e buscar novos pontos fossilíferos no oeste do Estado de São Paulo.
Segundo ele, como já citado, este é o segundo campo. No primeiro, em 2019, ele veio com uma equipe grande, com mais de 20 pessoas, dentre estes, 15 alunos da UERJ que ajudaram no objetivo, que era buscar novos pontos e fósseis nos locais citados. “E as nossas prospecções foram muito prolíficas, achamos bastante coisas, inclusive um pequeno crocodiliano terrestre que foi descrito recentemente como Coronelsuchus civali, que viveu cerca de 90 milhões de anos nas rochas”, expõe o pesquisador, acrescentando que tudo indica que aquela região foi um antigo lago. Um encontro de drenagens de rios com o lago.
“E esses sedimentos desse ambiente pretérito ficaram registrados na forma das rochas, da chamada Formação Araçatuba. Essas prospecções de 2019 geraram bastante materiais que estão sendo descritos para publicações que devem sair em breve”, informa ele.
PESQUISADORES
• André Eduardo Piacentini Pinheiro – Laboratório de Paleontologia da Faculdade de Formação de Professores (Lapa-FFP/UERJ- campus São Gonçalo-RJ) / contato: [email protected]
• Kamila Luisa Nogueira Bandeira - Laboratório de Sistemática e Tafonomia deVertebrados Fósseis (Museu Nacional/UFRJ-RJ) / contato: [email protected]
• Rodrigo Vargas Pégas - Laboratório de Paleontologia de Vertebrados e Comportamento Animal (UFABC) / contato: [email protected]
• Kauê Fontes da Silva - Laboratório de Paleontologia da Faculdade de Formação de Professores (Lapa-FFP/UERJ- campus São Gonçalo-RJ) / contato:[email protected]
• Lucas Sant’Annade Carvalho - Laboratório de Paleontologia da Faculdade de Formação de Professores (Lapa-FFP/UERJ- campus São Gonçalo-RJ) / contato: @lucascarvalho
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