Depois de Sandovalina, a Polícia Civil e o MPE (Ministério Público Estadual) investigam agora a suspeita de fraudes envolvendo a aquisição de combustíveis na Prefeitura de Estrela do Norte. O órgão foi alvo na manhã de ontem de uma ação conjunta deflagrada em desdobramento da Operação Tanque Cheio, que teve origem em Sandovalina. Durante a ação, quatro mandados de busca e apreensão foram cumpridos, entre eles, no Paço Municipal e na casa do prefeito da cidade, Hélio Lima dos Santos (PTB).
Conforme informações repassadas pelo Ministério Público, os mandados foram expedidos nos autos de um procedimento instaurado na PJ (Procuradoria de Justiça) de Pirapozinho, por ordem do juiz da comarca. Ainda segundo o órgão, a ação ocorreu como um dos desdobramentos da operação que ficou conhecida como Tanque Cheio, deflagrada em 6 de outubro e que inicialmente resultou na prisão de quatro pessoas ligadas à administração municipal de Sandovalina.

Órgãos investigam suspeita de fraudes na compra de combustíveis
Após análise de documentos apreendidos naquela operação, de acordo com a Assessoria de Imprensa do Deinter-8 (Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior), "surgiram evidências relacionadas a fraudes, envolvendo a Prefeitura de Estrela do Norte". Por isso, na manhã de ontem foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão. Além da casa do prefeito e da Prefeitura, os policiais e promotores públicos visitaram também a residência de um assessor do prefeito e o Almoxarifado Municipal.
Nos locais foram apreendidos documentos e computadores. Agora, ainda conforme o órgão, "os materiais apreendidos serão objeto de análise criteriosa" por parte da Polícia Civil e do MPE, que deverão analisar a existência das "evidências já apuradas", além de "indícios de outros crimes", que "também serão investigados". Após a análise dos documentos e computadores apreendidos, o MPE relata que deverá "ingressar com uma ação civil pública pela prática de improbidade administrativa".
Desdobramentos
Deflagrada em outubro, as investigações que resultaram na Operação Tanque Cheio começaram aproximadamente 12 meses antes, depois que uma série de inquéritos civis e ações civis públicas levaram o MPE e a Polícia Civil a detectar as irregularidades na Prefeitura de Sandovalina. Agora, cerca de dois meses depois, os desdobramentos levam os investigadores à Prefeitura de Estrela do Norte.
No entanto, segundo o MPE, a força-tarefa composta por promotores de Justiça de Pirapozinho e Presidente Prudente, além de agentes da Polícia Civil, "deve agora centrar esforços em outras frentes". Uma vez que, "não se descarta a possibilidade de haver mais envolvidos, inclusive de outras cidades da região".
Afastamentos
Um dos alvos dos mandados, o prefeito da cidade já foi afastado e reconduzido ao cargo em duas oportunidades nos últimos meses. Na primeira vez, em meados de novembro, o motivo do afastamento foi justamente a suspeita de irregularidades na aquisição de combustível sem licitação, em um posto de Sandovalina, dentro do período eleitoral. De acordo com a denúncia, assinada por um morador do município, Hélio comprou e pagou, sem procedimento licitatório, entre os dias 2 e 29 de setembro, R$ 280 mil em combustível do posto. Porém, segundo o denunciante, o consumo mensal de toda a frota apta no período anterior a agosto, ou seja, antes do período eleitoral, "nunca ultrapassou R$ 70 mil". A reportagem entrou em contato com o prefeito de Estrela do Norte para repercutir o assunto, mas ele afirmou que não tinha nada a declarar.