A Vila da Fraternidade de Presidente Prudente sediou, na tarde de ontem, uma festa de aniversário fora do comum. A fisioterapeuta Ana Thais de Souza Stoco decidiu comemorar os seus 41 anos junto aos acolhidos da entidade. Esta não foi a primeira vez que a profissional reservou o dia do seu nascimento para praticar o bem. Segundo ela, celebrar a data em instituições filantrópicas do município é uma tradição que mantém desde os 16 anos. Até então, Ana Thais costumava realizar a maioria das suas festividades no Lar São Rafael, mas neste ano decidiu pela mudança de espaço a fim de conhecer melhor o trabalho desenvolvido pela Vila da Fraternidade. “É uma forma de levar alegria para um público que precisa de atenção, pois os idosos ainda são facilmente esquecidos. Tudo o que eles mais querem é carinho”, afirma.
A ocasião foi marcada por música ao vivo, salgadinhos, doces e, como não poderiam faltar, presentes, que ao invés de serem destinados para a aniversariante, foram oferecidos aos anfitriões da casa. De acordo com o administrador da instituição, Mario Paulo Rodrigues, alimentos não perecíveis e produtos de higiene pessoal são artigos sempre necessários. “Nesse friozinho, o café e o leite são alimentos muito consumidos pelos nossos acolhidos”, expõe. Em relação ao evento, Mario Paulo diz se sentir “muito satisfeito” com o interesse dos cidadãos pelo trabalho da vila, que “está de portas abertas para qualquer segmento”. “Esse tipo de parceria vem para engrandecer o nosso serviço”, considera.
A acolhida Margarida Xavier da Costa, 80 anos, não escondeu o entusiasmo. Para ela, a festa traz felicidade e oportuniza que os idosos dancem e se divirtam. “Eu amo este lugar, para mim é um paraíso. Estou aqui há 14 anos e gosto de tudo, principalmente dos amigos que fiz aqui”, relata. Já Marcionilia Augusto Pereira, 85 anos, conta que, muito mais importante do que a festa, é a visita das pessoas. “Recebê-las na vila nos agrada muito. Me sinto como uma criança ganhando presentes”, diz. Além das amizades, a parte que mais gosta é o artesanato.
Nas horas vagas, Marcionilia gosta de fazer poesias. Como é analfabeta, todos os versos são cuidadosamente guardados na memória. Uma de suas criações é dividida com a reportagem e aqui registrada para que não se perca. “Deus quando fez o mundo, fez o céu e fez a terra; fez a lua e as estrelas para brilhar [sic]; fez o sol para iluminar o mundo inteiro; fez o vento para refrescar; e fez a chuva para molhar a Mãe Terra. Na nossa Mãe Terra, tudo que planta dá, para nós alimentar [sic], planta arroz, planta feijão, planta milho, planta algodão, planta trigo para o nosso pão. Fez o mar, as águas e os peixinhos para nadar e fez esta natureza linda para nós admirar [sic]”, recita.
