Os três processos de canonização mais rápidos da história da Igreja Católica levaram, em média, 14 anos. João Paulo II (2014), Madre Teresa de Calcutá (2016) e Irmã Dulce (2019). As etapas para uma pessoa se tornar santa são complexas e burocráticas. Neste sentido, um filme biográfico produzido por estudantes de jornalismo em Presidente Prudente pode contribuir para a beatificação do Padre Monsenhor Nakamura, um homem já considerado santo no oeste paulista.
O documentário “Estrela da Manhã” conta a história e o legado do primeiro missionário católico japonês no Brasil. Com 58 anos, Domingos Chohachi Nakamura (1865-1940) veio do Japão em 1923 e se instalou no interior do estado de São Paulo, com o objetivo de ajudar e evangelizar os imigrantes e descendentes radicados no país.
A obra é peça prática do TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) intitulado “Monsenhor Nakamura: produção de um documentário biográfico sobre o primeiro missionário católico japonês no Brasil”, desenvolvido pelos estudantes da Escola de Comunicação & Estratégias Digitais da Unoeste: João Lucas Martins, Letícia Petile, Marco Vinicius Ropelli, Victória Domingos e Vinícius Coimbra, orientados pela jornalista e professora doutora Thaisa Bacco.
O longa-metragem, mostra as realizações do padre entre os anos de 1928 e 1940, quando ele morou na cidade de Álvares Machado, precisamente no sítio Guaiçara, local de onde partia para realizar missões itinerantes, percorrendo longas distâncias de maneira precária a fim de visitar colônias japonesas e dar suporte espiritual no interior de São Paulo, Sul de Minas Gerais, Norte do Paraná e Mato Grosso do Sul.
Foto: Centro de Pesquisas Monsenhor Domingos Chohachi Nakamura
Retrato de Monsenhor Nakamura, primeiro missionário japonês do Brasil
“Monsenhor Nakamura não só falava de Deus e pregava o evangelho de nosso senhor Jesus Cristo, ele vivia aquilo que pregava. Então quando se fala sobre a sua aura de santidade podemos traduzir isso para o seu testemunho”, explica Padre Jurandir Lima, Pároco da paróquia São José de Álvares Machado, e um dos responsáveis pelo processo de beatificação.
Os resultados desse trabalho incansável movido pela fé são os milagres creditados ao missionário após sua morte em 1940 e a instauração, em 2009, de um processo de beatificação solicitado pela Panib (Pastoral Nipo-brasileira), que atualmente tramita junto ao Vaticano. A beatificação representa o primeiro passo para que uma pessoa seja canonizada, pois confirma a realização de um milagre.
“A importância do Monsenhor se tornar santo ou beato é para que as pessoas possam seguir o seu exemplo de fiel cristão e sigam as pegadas de Jesus para que o mundo possa melhorar e ir crescendo em comunhão”, afirma Francisco Hirata, presidente do Museu e Memorial “Centro de Pesquisas Monsenhor Domingos Chohachi Nakamura”.
O conteúdo reúne 21 entrevistas em 22 horas de gravação. Dentre os entrevistados, estão figuras como Dom Ettore Capra, postulador da causa de beatificação do monsenhor Nakamura no Vaticano, na Itália e o Padre João Batista Aoki, estudioso da história do missionário e ligado à causa da beatificação, diretamente de Tóquio, no Japão. Essas duas entrevistas foram gravadas com a ajuda de colaboradores. O documentário ainda conta com materiais de arquivo históricos cedidos pela TV Fronteira e jornal O Imparcial, além de uma trilha sonora original, produzida exclusivamente para o filme.
Serviço
A exibição pública de “Estrela da Manhã”, filme documentário sobre a vida missionária e o legado do primeiro padre japonês no Brasil, ocorrerá a partir das 19h30 do dia 08 de novembro de 2021, no Teatro Cesar Cava, Bloco B - Campus I da Unoeste. A entrada é gratuita.