A gente cresce ouvindo o mundo dizer que não é possível criar filhos em redoma de vidro. E realmente não é. Não conseguimos ter controle de tudo o tempo todo. Nos primeiros anos de vida da criança há um maior domínio das interferências externas, porém a partir da socialização, que para algumas crianças só ocorre na idade escolar, nos deparamos com atitudes dos pequenos não experimentadas no ambiente familiar.
Toda formação do indivíduo é reflexo da sociedade a qual ele está inserido. Carregamos vícios de linguagens, comportamentos, conhecimentos, costumes, valores, cultura, conceitos de ética, moral e cidadania.. Ao mesmo tempo em que absorvemos o que o ambiente nos proporciona, refletimos o modo de ser aos que convivem conosco. Assim, formamos nosso caráter, nossa conduta e, direta ou indiretamente, influenciamos o próximo...
Vivemos em uma sociedade pluralista, cheia de segmentações e, naturalmente, tendemos a integrar o grupo ao qual detectamos afinidades… Ter empatia é normal, mas não nos dá o direito de “excluir” aqueles que não são ou vivam como nós. As principais guerras do mundo ocorrem por divergências, sejam elas ideológicas, políticas, religiosas, sociais… E, enquanto não houver respeito e compreensão das diferenças, continuaremos encontrando os reflexos da intolerância.
Eu posso e devo ensinar meus filhos dentro dos meus princípios religiosos, morais e éticos, porém mostrar que, além desta educação não lhe garantir o direito de qualquer repressão a quem se comporta de modo diferente, é preciso levar em consideração que nem sempre a forma como você pensa sobre alguém represente efetivamente a maneira como ela é. Assim sendo, muitas vezes, é necessário pensar no outro e colocá-lo à frente de nossos interesses.
Despertar esta consciência é prevenir o cometimento de bullying e outras formas de violência que podem ocorrer ainda na infância. A própria sociedade caminha para uma segmentação. Cristãos, judeus, comunidades alternativas, homossexuais e grupos políticos, por exemplo, tendem a "se encontrar", viver numa zona de conforto e amizade. Mas todos têm os mesmos direitos e deveres.
Há influências que somente a educação familiar poderá disciplinar os membros deste grupo e, consequentemente, o comportamento da criança. Vamos exemplificar com a alimentação. Mais preocupados com a qualidade de vida, muitos pais querem seus filhos longe de refrigerantes, doces, fast-food e outras guloseimas. Entretanto, em um determinado momento, eles terão a possibilidade de apreciá-los longe dos olhos de seus responsáveis. A criança recusará, pois é consciente, ou vai querer experimentar escondida dos pais? E amanhã, quando, mais velha, surgirem as drogas lícitas, ilícitas, o sexo e toda influência da grande massa? É preciso investir na base, no alicerce.
Somente com diálogo claro e objetivo será possível garantir segurança às crianças acerca de suas decisões. Os valores, no campo da sociedade, são instáveis e somos convidados diariamente a refletir sobre nossa essência e toda banalização implantada pelo mundo contemporâneo. E, diante do anseio de se sentir parte do meio, se não houver uma formação sólida, muito se perderá na tentativa de ser aceito pelos demais ou mesmo suprir suas necessidades emocionais...
Conhecer os valores dos outros nos faz refletir sobre os nossos. A mudança para esta formação e conscientização deve partir do adulto. O exemplo arrasta e, muitas vezes, quem precisa tirar a tapa dos olhos - igual a do cavalo - somos nós! A redoma de vidro, na vida real, é usada para preservar peças de estima e , nenhum ser humano conseguiria viver enclausurado nela. Então, caso ela esteja, mesmo que imaginariamente por aí, uma hora se quebrará!
dica de leitura
A vida por um ideal
Tudo se passa em uma cidade fictícia do interior de São Paulo chamada Rialto. Ignorado pela grande mídia, o município acaba ganhando as manchetes de emissoras de São Paulo e Rio de Janeiro por conta de um grande escândalo: o crime de exploração sexual de menores de idade por figuras importantes na cidade. O protagonista é Ivan, um jovem que abraçou a carreira de jornalismo com muito idealismo, e escrevia para um jornal local. Por conta disso, o jornalista descobriu o caso de exploração, denunciou e o fato ganhou notoriedade. Esta obra, além de expor a infeliz realidade do abuso, revela o papel da escola ao dar devida importância para a educação sexual, com vistas à prevenção.
Ficha Técnica
Autor: Lannoy Dorin
Editora: do Brasil
Páginas: 64
Preço: R$ 53,10
Foto: Divulgação
Segurança nas férias
Para que as férias das crianças não virem o pesadelo dos adultos, os pais precisam se atentar a alguns cuidados. Segundo a médica pediatra Maria Inês Nantes, os campeões de atendimento no pronto-socorro são as quedas, seguida pelas intoxicações e queimaduras. Engana-se quem pensa que a atenção só deve estar nos pequenos que vão à praia, piscina ou fazem alguma atividade fora de casa: as residências também oferecem muitos perigos. Leia mais no blog Papai Educa www.papaieduca.com.br.