A radiação solar ultravioleta (UV) excessiva é um dos principais fatores de risco para a saúde humana. A atmosfera da Terra funciona como um escudo natural, mas não consegue nos proteger completamente da radiação UV que atinge a superfície. Fato é que a Terra está ficando cada vez mais quente, os raios solares também estão chegando em maior quantidade e nos expondo a maiores níveis de radiação. Parte disso, nossa culpa: nossas atividades industriais impactam a eficiência da camada de ozônio.
Para alcançar um melhor nível de proteção, o uso de loções e cremes solares é uma estratégia necessária para absorver ou bloquear a radiação UV, protegendo-nos dos raios UV-B e/ou UV-A. Então é simples de resolver, não é? Fingimos que não agredimos o meio que nos cerca e vamos para um plano B: o uso de protetores solares. Mas será este o melhor caminho? E se for o caminho mais adequado, como fazê-lo de maneira correta? Fabricantes de protetores solares modificam constantemente a composição de seus produtos para torná-los mais eficazes e seguros para os consumidores. No entanto, a segurança desses produtos é relativa e questionável. Isso porque, embora o uso de protetores solares seja de grande importância para a saúde, nada é tão inofensivo assim.
Além dos protetores solares, outros cosméticos estão no mercado contendo vários produtos químicos em sua composição e atuando como desreguladores reprodutivos. É crescente a preocupação com a segurança e a possibilidade da infertilidade após recentes descobertas da absorção desses compostos e sua ação no sistema reprodutivo, mesmo quando administrados apenas na pele. Desde 2016, pesquisas desenvolvidas por universidades renomadas demonstram que substâncias utilizadas nos protetores solares podem estar relacionadas à infertilidade masculina, o que associado ao sedentarismo, hábito de fumar e alcoolismo pode ser mais um fator deletério para casais que desejam gerar um filho.
O que podemos fazer para proteger a pele sem prejudicar a fertilidade? Certificar de que a pele foi lavada e todo o produto retirado após se expor ao sol. Ótima solução? Em partes, sim, mas ainda novos problemas são gerados, porque um consumidor individual utiliza uma pequena quantidade da loção de proteção solar, mas a quantidade total usada por todos os consumidores juntos é de milhares de toneladas, aproximadamente de 4000-6000 toneladas/ano no ambiente aquático, com persistência de até um século neste ambiente.
Esse é nosso novo dilema: atitudes mais seguras e saudáveis, uso crescente de protetores solares, contaminação ambiental e infertilidade contrapondo a necessidade de uma resposta imediata e apropriada a este novo perigo emergente.
Entre tantos contrapontos, ainda vale a máxima de Pedro Bial: “Talvez você case, talvez não; talvez tenha filhos, talvez não... Filtro solar! Nunca deixem de usar o filtro solar”.