Feliz ano novo! Sem dúvidas, essa será a frase mais dita nos próximos dias. A ideia em si, que ela denota, tem uma longa história. Desde o Renascimento, entre os séculos XIV, XV e XVI que a humanidade ocidental experimenta a sensação de que seu tempo é melhor do que o antecedente. Nesse período, os renascentistas acreditavam firmemente que a fase histórica que viviam eram infinitamente melhor do que a Idade Média. Se tinham razão é difícil dizer, os historiadores divergem nesse ponto.
Mais tarde, no século XVIII, os iluministas tinham crença semelhante. Defendiam que a razão iria emancipar o homem, que a razão seria o instrumento de eliminação das desigualdades, das superstições, das opressões de todo tipo, dos sistemas políticos autoritários, como o Absolutismo, enfim, que a humanidade edificaria seu paraíso na Terra.
O século XIX carrega a marca do otimismo dos novos tempos. Em parte pelas novas invenções da Revolução Industrial, em parte pelo notável avanço civilizacional desse século, na política, na economia, na filosofia, na sociedade. Filósofos como Kant, Hegel, Comte e mesmo o naturalista Charles Darwin acreditavam fielmente na evolução geral do mundo ocidental, ideia sintetizada no conceito comteano de progresso. O século XIX é o século do progresso.
Mas será? Em 1819, Schopenhauer é o primeiro a desconstruir essa noção, com seu notório pessimismo. Mais tarde, no final do século XIX, Nietzsche aponta que a humanidade não avança em direção ao progresso, pelo contrário, vivemos o eterno retorno do mesmo. Karl Marx é outro pensador a contestar a ideia de progresso, haja vista a desigualdade e a miséria advinda com a Revolução Industrial.
O trágico século XX, marcado por guerras sangrentas, uso da bomba atômica, conflitos mundiais entre capitalismo e socialismo, mostrou ao mundo que talvez os pessimistas estivessem certos. Sem dúvidas que a ideia de progresso passa a ser contestada nesse período, devido a todos esses e outros dissabores vividos pela humanidade no último século.
Nesses 21 anos do século XXI, o verdadeiro futuro da ficção científica, já vimos tragédias de todo tipo, sendo a crise pandêmica, a crise climática e a permanente crise social as mais evidentes. Mesmo assim, continuaremos otimistas, desejando que o ano que vem seja melhor do que último. Será?