As dezenas de coroas de flores colocadas na Casa de Velório Athia, em Presidente Prudente, perfumavam o ambiente, dando certo conforto aos familiares e amigos que velavam Daniel Aguiar Grandolfo, 37 anos, presidente do Sindasp-SP (Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária do Estado de São Paulo), na manhã de ontem. As flores também simbolizavam o quanto ele era querido pelas pessoas a sua volta. O sentimento foi confirmado pelos adjetivos utilizados pelos presentes para descrevê-lo, sendo “bondoso, determinado e lutador”.
Em homenagem ao irmão mais novo, Tiago Aguiar Grandolfo aceitou conversar com a reportagem, apesar da tristeza que cercava a família. Enfatizou que a entrevista era motivada pela força com que Daniel lutava pelos seus objetivos e sonhos. “É muito difícil falar dele. A vontade de ajudar o próximo é algo que nunca vou esquecer nele. Um dia vamos nos encontrar na eternidade”, disse, sendo interrompido pelas lágrimas incontroláveis.
Ao saber da notícia, o primo Douglas Genaro, 26 anos, que é de Martinópolis, logo se dirigiu para Prudente, para dar apoio aos familiares. “Somos muito unidos e temos fé em Deus. Com isso, vamos tirar nossas forças para suportar esse momento”, declara. Relata que a preocupação maior será com a filha pequena e a esposa de Daniel, que havia descoberto uma nova gravidez 10 dias antes do acidente.
Colegas de trabalho
Uniformizados com a camiseta da Polícia Penal, a qual estampava o logotipo do Sindasp no braço direito, os colegas de trabalho também velavam o corpo de Daniel Grandolfo. A habitual cor preta da vestimenta, desta vez, representava o luto que pairava sobre a classe. Um desses era o diretor de saúde do sindicato, Carlos Alberto Bongiovanni Peretti, 64 anos, que atuava próximo a Daniel, com quem realizou diversas viagens, por conta do serviço. “Ele era um visionário, sempre lutando pela melhoria da classe, tanto que esse foi o motivo da viagem à Brasília. Perdemos um guerreiro”, declara.
A agente penitenciária, Francielli de Lima, 34 anos, descreve Daniel como um líder. Por ser de Ribeirão Preto (SP), tinham contato apenas a cada três meses, sendo suficiente para firmar laços de amizade. A gente conta que nunca houve um profissional tão determinado como ele no sindicato, que “dificilmente será substituído”. “É como se fosse um soldado de guerra: morreu lutando pela categoria. Ele estava brigando por todo mundo, não só por aqueles que o aclamavam”, pontua.
“A luta continua”
Como já noticiado por O Imparcial, a vida e o segundo mandato de Daniel Grandolfo no sindicato foram interrompidos devido a uma colisão entre um carro e um caminhão, que ocorreu na quarta-feira, por volta das 5h. Outros dois diretores também estavam presentes no acidente: José Cicero de Souza, “Lobó”, 54 anos, e Edson Chagas, “Cebolinha”, 57 anos, que faleceram no local. O ocorrido se deu na Rodovia Assis Chateaubriand (SP-425), em José Bonifácio (SP), quando eles estavam retornando de Brasília (DF), onde foram acompanhar a votação da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 14/2016, que não ocorreu for falta de quórum.
Segundo o assessor de imprensa do Sindasp, Carlos Alberto Vítolo, ainda não se sabe o motivo do acidente, que está sendo investigado pela Polícia Civil. Contudo, para colaborar com o esclarecimento do caso, acrescentou que está sendo buscado um chip com gravações da uma câmera, que foi instalada recentemente no automóvel pertencente ao próprio Sindasp.
Apesar da tragédia, o atendimento do sindicato continua normalmente na segunda-feira. Já a presidência será assumida por Valdir Branquinho, até então vice. O sepultamento ocorreu por volta das 11h30 de ontem, no Cemitério Municipal Campal. Daniel foi enterrado juntamente com as bandeiras do Estado de São Paulo, do sindicato e da camiseta da Polícia Penal, eternizando a luta pela classe, em que sempre esteve presente.