Um recente levantamento do CRF-SP (Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo) aponta que 98,52% dos farmacêuticos do Estado de São Paulo, que responderam ao questionário feito por meio do portal e das redes sociais do conselho, sofrem com o desabastecimento de medicamentos, destes a maioria atua em estabelecimentos do setor privado.
Segundo a pesquisa, 93,49% dos profissionais relataram sofrer com a falta de antimicrobianos, sendo entre os mais citados amoxicilina e azitromicina), 76,56% com a falta de medicamentos mucolíticos, utilizados para aliviar os sintomas de infecções respiratórias, entre os mais citados estão a acetilcisteína e ambroxol; 68,66% relataram a falta de medicamentos anti-histamínicos, entre os mais citados dexclorfeniramina e loratadina; 60,59% com a falta de medicamentos analgésicos, entre os mais citados Dipirona, ibuprofeno e paracetamol e 37,15% relataram a falta de outras classes.
Em Presidente Prudente, de acordo com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), a administração municipal também enfrentou dificuldades na aquisição de determinados insumos farmacêuticos por conta do desabastecimento de forma geral. Segundo a pasta da Saúde, o estoque desses materiais foi reposto ou substituídos por uma alternativa farmacêutica.
A secretaria relata que a maior dificuldade atualmente é em relação a xaropes infantis, como antialérgicos e expectorantes, em que há falta de matéria-prima e os fornecedores possuem pouca quantidade desse tipo de medicamento, o que dificulta a sua aquisição. “A pasta segue atenta e em contato com todos os fornecedores farmacêuticos para que não haja desabastecimento”, aponta a Sesau.
MOTIVOS DO DESABASTECIMENTO
Segundo o secretário-geral do CRF-SP, Adriano Falvo, os principais motivos do desabastecimento estão associados ao período da pandemia, aos recentes lockdowns na China e à guerra na Ucrânia. “Em decorrência da pandemia e também ao clima de inverno, a utilização de antimicrobianos, anti-histamínicos e analgésicos a compra destes medicamentos tiveram um crescimento estrondoso”, explica Falvo.
“O lockdown na China e a dificuldade da importação é um outro fator preponderante. As fábricas e indústrias de insumos farmacêuticos ativos pararam de produzir. Então, essa ausência de insumos não é especificamente no Brasil, mas, sim, no mundo tudo. Até você ter a produção, a importação, a chegada, tudo isso impacta diretamente nesta cadeia”, relata o secretário-geral do CRF-SP, que não vê uma retomada à normalidade da produção em um horizonte próximo. “Tudo isso vai depender pelo mercado e pela logística, que está totalmente comprometida. Não só por conta da China, tem a questão do problema da guerra na Ucrânia. A Europa também é uma grande produtora de insumos, como ampolas, plásticos e embalagens”, completa Adriano Falvo.
O REFLEXO DA CRISE EM PP
O secretário-geral do CRF-SP relata que a ausência de distribuição dos medicamentos no mercado acaba impactando a distribuição nas redes municipais de saúde. Segundo ele, não há um dado específico de Presidente Prudente e que a avaliação abrangeu todo o Estado. “A gente consegue ter a capacitação destes dados a nível estadual, então, a linha de desabastecimento está em geral em todas as regiões do Estado, e de Prudente é uma delas e segue na mesma linha dos medicamentos citados na pesquisa”, indica.