Dos meus 29 anos de carreira no jornalismo, cinco deles foram dentro de uma verdadeira fábrica de fazer doido chamada televisão!
E antes que me entendam mal, faço esta afirmação com muito respeito e carinho.
Foram anos em que não só ganhei todos meus cabeços brancos, mas especialmente entendi que servir informação de qualidade ao público exige mesmo que você esteja um “degrauzinho” acima da normalidade ou nada feito.
Ninguém que não seja assumidamente apaixonado pela profissão e por querer fazer a vida do outro melhor encara uma empreitada dessa porque não há nada mais desafiador do que o telejornalismo.
O telespectador comum não faz ideia do que é preciso para colocar no ar alguns minutos de telejornal por dia.
E arrisco mais: perto do que é colocar um telejornal no ar ou pautar matérias para cinco, seis equipes de reportagem, com personagens bem arrumados, horário certinho, logística impecável, edição, estúdio, sala de controle e apresentação afinados, programação, engenharia, comercial redondinhos até essa história de algoritmo e redes sociais que tira nosso sono hoje em dia fica fácil de entender e lidar. Não dá nem comparação.
Por isso também que quando você olha para um profissional de TV apaixonado pelo que faz, atrás daquela cara meio apavorada, meio assustada e cansada, está alguém que tem muito orgulho e muita sensação de dever cumprido.
E sai de perto se alguém mexer com essa paixão.
Certa vez, quando eu era editor-chefe do antigo “SPTV Segunda Edição”, atual “Fronteira Notícias Segunda Edição”, logo após o jornal ter acabado eu me sentei na redação e dei um longo suspiro.
Aquele dia, como quase todos os outros, tinha sido punk, mas com muitos probleminhas extras de produção, tecnologia, acerto de tempo, apuração correta das informações e por aí vai. Enfim, nervoso mesmo, mas entregamos bem e eu estava esgotado.
Daí, de repente, toca o telefone e eu atendo. Uma senhora do outro lado, toda educada fala assim: “Olha, eu estava assistindo o jornalzinho de vocês e queria uma informação”. Eu nem a deixei terminar: “Jornalzinho? Jornalzinho??? A senhora está de brincadeira! Jornalzinho, não! Mais respeito”. E desliguei na cara dela! Onde já se viu!
Mas antes que me julguem, eu logo recobrei a consciência e vi que havia feito bobagem. A sorte é que ela ligou de novo e eu me desculpei. Tadinha. E ela só queria um telefone de serviço que demos para vacinação de cães e gatos. Socorro. Doido, né, que fala?
Enfim, esta crônica é uma singela homenagem a TV Fronteira, afiliada Rede Globo em Presidente Prudente, que completa 30 anos em 2024 e onde eu tenho muito orgulho de ter sido mais um doido entre tantos outros. Doido, mas muito, muito, feliz!