Apesar de ainda ser uma realidade muito distante, a possibilidade de extração de recursos naturais no Pontal do Paranapanema preocupa a ONG (organização não-governamental) Apoena (Associação em Defesa do Rio Paraná, Afluentes e Mata Ciliar), que atua na região há mais de 20 anos em prol da preservação do meio ambiente.
A pesquisa em si não inquieta o órgão, visto que os caminhões vibradores não causam tremores ou terremotos, devidamente autorizados pelo Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) para fazer a coleta de dados em rodovias e estradas. O verdadeiro desassossego é a possibilidade de se encontrar petróleo e gás natural nas estruturas geológicas regionais, recursos que prontamente começariam a ser extraídos.
Isso porque como lembra o ambientalista Djalma Weffort, presidente da ONG, a região possui um histórico nada positivo com essa atividade: em 2014 o MPF (Ministério Público Federal) precisou ajuizar uma ação civil pública pedindo a suspensão de uma licitação da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) para exploração de gás de xisto (folhelho) na região, por conta da utilização da fraturamento hidráulico (conhecido como
fracking) causando danos ambientais.
A ANP ficou proibida de promover outras licitações que tenham por objeto a exploração do gás pela técnica citada, enquanto não houver a realização de estudos que demonstrem a viabilidade de seu uso no solo. Além disso, lembra o caso do poço extinto no Thermas de Presidente Epitácio, perfurado pela Petrobrás para encontrar petróleo, sem sucesso, resultando no vazamento de água quente no Rio Caiuazinho, diminuindo o oxigênio das águas superficiais causando danos à biota ali presente.
"A possibilidade de encontrar petróleo e gás natural nunca é uma boa notícia para o meio ambiente, pois pode afetar drasticamente e até irreversivelmente as estruturas geológicas existentes, além de poder contaminar o lençol freático, pois estamos sob o Aquífero Guarani", ressalta. De tempos em tempos surgem promessas de recuperação econômica, que nunca se tornam realidade.
"O pré-sal caipira, com os depósitos de argila, é um dos exemplos, cuja proposta de desenvolvimento econômico até hoje não se concretizaram", diz Weffort. É importante, portanto, que diante do tamanho risco das operações, se pese o impacto ambiental das ações, especialmente levando em conta os engodos que costuram o passado recente do oeste paulista.