Exame aponta que motorista suspeito de atropelar e matar idoso estava embriagado

Rapaz de 27 anos responderá por homicídio culposo na direção de veículo automotor; vítima de 77 anos chegou ao HR na manhã de sexta já sem vida

PRUDENTE - DA REDAÇÃO

Data 16/04/2022
Horário 10:12
Foto: Sinomar Calmona
Vítima atravessava a Avenida Comendador Hiroshi Yoshio quando foi atingida pelo veículo, modelo Fiat Punto
Vítima atravessava a Avenida Comendador Hiroshi Yoshio quando foi atingida pelo veículo, modelo Fiat Punto

A Polícia Civil constatou, por meio de exame médico, que o rapaz de 27 anos suspeito de atropelar e matar um idoso de 77 anos na manhã desta sexta-feira, em Presidente Prudente, dirigia alcoolizado. O jovem responderá por homicídio culposo na direção de veículo automotor. "Infere-se dos autos, em sede policial, que o delito foi praticado em sua forma culposa, e não na dolosa, ainda que sob a perspectiva do dolo eventual", destaca o boletim de ocorrência.

O acidente ocorreu na Avenida Comendador Hiroshi Yoshio, por volta das 6h da manhã. Na ocasião, a vítima atravessava a via quando foi atingida por um veículo, modelo Fiat Punto, com placa de Prudente. O idoso foi encaminhado ao HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo em parada cardiorrespiratória, mas deu entrada na unidade às 6h20 já sem vida.

De acordo com o boletim de ocorrência registrado na Delegacia Participativa de Presidente Prudente, ao chegarem ao local, os policiais encontraram o veículo parado na lateral direita da via, sentido norte. O condutor "apresentava sinais de embriaguez, como odor etílico, olhos avermelhados e nervosismo" e confirmou que havia feito uso de bebida alcoólica, porém, se negou a realizar o teste do bafômetro.

Na ocasião, também havia uma testemunha, que relatou ter cruzado com a vítima instantes antes do fato e a cumprimentado. Logo em seguida, quando já se distanciava dela de costas, ouviu o barulho do acidente e, ao se virar, presenciou o veículo atingindo a vítima, que ficou sobre o automóvel por alguns instantes.

A testemunha não foi questionada no local a respeito da trajetória que a vítima fazia na caminhada, isto é, se estava entrando no leito carroçável da via - hipótese em que ela estaria caminhando sentido oeste - ou se estaria acabando de cruzar a via - circunstância em que estaria caminhando sentido leste. Porém, por telefone, asseverou que, ao cumprimentar o idoso, este estava no canteiro central e que o atropelamento ocorreu quando ele acabava de cruzar a avenida.

O boletim também aponta que, pela dinâmica deixada pelas marcas no local - frenagem, marcas de atrito ao solo, estilhaços do para-choque e da palheta do limpador de para-brisa, sangue aparentemente da vítima e seu par de tênis –, foi possível concluir, inicialmente, que "o condutor do veículo, após fazer a rotatória da Avenida 11 de Maio e acessar a Avenida Comendador Hiroshi Yoshio, perdeu o controle do automóvel ao descer a via e subiu na calçada do lado direito. Em seguida, retornou para o leito carroçável, onde a vítima estava acabando de atravessar, atingindo-a imediatamente e parando em seguida".

Segundo narrou a testemunha, o motorista parou e pediu ajuda a ele e à outra pessoa que passava pelo local para socorrer a vítima. "Ele estava muito nervoso e aparentava estar embriagado", acrescentou.

No local, foi possível perceber uma marca de frenagem de cerca de 11,7 metros, e do possível ponto de impacto – por conta dos fragmentos encontrados no local – ao local de parada total do veículo, cerca de 23,5 metros. O local do acidente não era faixa de pedestre. Este foi preservado e a perícia acionada.

Durante a realização do procedimento no local, a guarnição tomou conhecimento que a vítima não resistiu aos ferimentos e foi a óbito. Já o motorista foi encaminhado para a delegacia. Mais tarde, após análise médica, ficou comprovado que ele estava embriagado.

Depoimento da testemunha

Em seu depoimento à polícia, a testemunha relembrou a sequência dos fatos. O homem disse que ouviu um forte barulho de pneu estourando e, ao olhar para trás, viu quando o veículo atingia o idoso. O corpo da vítima bateu contra o para-brisa e saltou sobre o teto do veículo. Em seguida, o condutor freou o automóvel e a vítima caiu rolando para frente, distanciando-se do veículo.

Ele conta que, imediatamente, se aproximou da vítima e notou que ela estava com bastante ferimentos, inclusive na cabeça, mas ainda tinha pulsação.

O condutor do veículo desceu do automóvel e, segundo a testemunha, "estava muito apavorado, sem conseguir raciocinar direito, certamente por conta da situação e também porque ele apresentava estar alcoolizado, não conseguindo sequer achar o aparelho celular que procurava".

Logo depois, passou um veículo cujo condutor desceu e se apresentou como médico, constatando que a vítima já estava sem pulsação. O resgate esteve no local e socorreu a vítima, porém, esta já estava sem vida.

"Três latinhas"

O policial que atendeu a ocorrência afirmou que o motorista disse ter bebido cerca de três latinhas, "mas não aparentava apenas isso". "Ele não tentou fugir do local e ficou bastante preocupado com a vítima, chegando a dizer que não se importava com o que poderia acontecer com sua carteira de habilitação e com o veículo, mas que queria que a vítima ficasse bem, lamentando muito pelo ocorrido e pelas consequências do seu ato".

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