O Carim (Associação de Apoio ao Paciente Renal Crônico) promoveu, na manhã de ontem, a segunda mesa-redonda do ano, com o propósito de dar continuidade aos assuntos discutidos no primeiro encontro, realizado em 25 de agosto e noticiado por este diário. Desta vez, candidatos a prefeito de Presidente Prudente compareceram ao local a fim de ouvir as demandas dos pacientes renais crônicos e incluir as necessidades apontadas em suas metas de governo. Participaram da ocasião 3 dos 8 postulantes ao pleito.
De acordo com a idealizadora do Carim, Sumaia Zakir, os principais anseios dos pacientes são a criação de um centro de referência e atendimento prioritário em outras especialidades, como a cardiologia, por exemplo. Conforme ela, a Secretaria de Saúde do Estado já aprovou a implantação do centro de referência, contudo, a "falta de vontade política" ainda é o maior entrave para o início do trabalho.
Necessidades de pacientes foram apontadas em encontro
Para o promotor de Justiça da Saúde, Mario Coimbra, a melhor forma de evitar as filas de transplante é a instalação do centro de referência ou Hospital do Rim, que asseguraria atendimento desde a prevenção até tratamento e recuperação da doença renal crônica. "Esse centro pode ser implantado paralelo a algum hospital. Com isso, o paciente tem tudo no mesmo lugar, ele não precisa ficar se deslocando de um lugar para outro", enfatiza.
O médico Ênio Luiz Tenório Perrone reforça que a captação de órgãos "avançou muito no município", porém, ainda falta uma agilidade maior nos processos cirúrgicos. "A principal dificuldade é quebrar a burocracia, pois o HR tem toda a estrutura para realizar cirurgias de transplante, mas não possui o credenciamento para tal", expõe. Segundo ele, o primeiro transplante de Prudente foi feito em 1986 e, desde então, mais de 300 foram executados. "A cirurgia não só dá fim para as filas de transplante, como reduz as de hemodiálise", realça.
O diretor do DRS-11 (Departamento Regional de Saúde) de Presidente Prudente, Jorge Yochinobu Chihara, esteve na mesa redonda e voltou a frisar sobre a instalação de cinco novas cadeiras de hemodiálise no HR. Ele enfatiza que o departamento ainda está aguardando a liberação de recursos para providenciar os equipamentos. Quanto ao plano regional de implantar mais um ponto de tratamento de hemodiálise em Presidente Epitácio, o diretor afirma que também são esperados recursos para viabilizar a ala, que será a quarta da região.
Segundo Mario Coimbra, o MPE (Ministério Público do Estado) irá se sentar nos próximos dias com a diretoria do DRS-11 para discutir a respeito da providência de novas cadeiras. "Há pacientes internados esperando a máquina para fazer o tratamento. Não oferecer isso para eles só comprova a incapacidade do Estado diante da situação", considera. Segundo ele, a implantação deve ocorrer em curto prazo e é necessário o desalojamento de algumas alas do HR para equipar as seções.
O presidente do Carim, Cássio Mitsua, diz que é papel da administração pública fornecer subvenção para as entidades, pois são elas que aliviam um trabalho que deveria ser feito pela Prefeitura. "Investir nas entidades nada mais é do que um retorno para a própria população", avalia.