Assim que apertei o play de um áudio que meu querido primo Marcelo me mandou pelo WhatsApp, o passado sorriu-me vestindo uma velha roupa colorida. Vou lhe dizer claramente que o passado que vivemos é um poema de Drummond. Escutando o samba dos Malacos, “Carnaval nas Estrelas”, senti que em cada estrada que percorri não planejei nada, apenas segui a voz do coração.
Malacos foi a poesia, o ritmo, a criatividade, o amor. E as muitas emoções vividas foram uma celebração à vida de uma juventude que sonhou em mudar o mundo, ao som dos tamborins e na marcação forte de um surdo. Bate/ Bate/ coração/ só vejo azul e branco/dentro da constelação. Esses versos fizemos e estamos ainda vivendo do nosso jeito. Amamos, rimos e choramos. Tivemos perdas e nossas lágrimas são como pérolas. Naqueles momentos éramos o que queríamos ser. Sem rótulos, sem credos, sem cores, sem dinheiro, sem status, apenas desfilávamos de azul e branco num espaço sem fim.
Fomos palhaços cantando a doce melodia. O que sei fazer se não cantar/ Malacos ouça o meu canto. Mais versos poéticos foram surgindo na minha mente. Na minha juventude, os Malacos foram a luz dentro de cada olhar. E continua sendo despertando a criança que fomos um dia.
Mandei o áudio para vários "malaqueiros" e todos se emocionaram. O Tiago me ligou: Oh Magrão quer me matar? Pô, moro sozinho aqui em Barra do Una e se me der um treco só vão me achar em outros carnavais kkk. O Claudio, meu querido primo, um dos compositores desse belo samba, sentiu que estava novamente com seu surdo fazendo a marcação. O Roy lá do Rio de Janeiro tocou o seu pandeiro dizendo: "Que samba lindo". O Antero, Célio, Michel e Demetrios Zacharias, também vestiram essa velha roupa colorida e se sentiram desfilando na lendária Comissão de Frente. O Vitor Marcondes, Urbano Medeiros e o Binho Tiezzi lembraram que no salão do Tênis Clube penduraram mais de 5 mil estrelas para viver o “Carnaval nas Estrelas”.
A nossa eterna Musa, Marcinha Rosas, nosso eterno Mestre Amendoim, nossa chefe da Ala das Baianas, Eliana Salomão, sorriram no infinito. Clara Bongiovani, Waltinho e Reinaldo Lourenço foram nossos estilistas. Nossa passista maior, Cristina Miranda, sambou novamente arrancando aplausos da multidão. O nosso eterno presidente, Jaime Barbosa, lembrou da famosa frase: "Quem não gosta de estrelas, não olhe para o céu". E assim todos se sentiram que o passado valeu a pena. Seremos eternamente Malacos.
"Seja você um mágico
Um acrobata ou um equilibrista
Quero ser o palhaço
E rir do fracasso
Quero ser feliz..."
Pápá paracatábumbum. Obrigado bateria.