A quarta edição do Confina Brasil, promovido pela Scot Consultoria, segue com visitas e mapeamento de sistemas intensivos e semi-intensivos de produção pecuária pelo Brasil. De 26 a 30 de junho, em sua quarta semana, a pesquisa-expedicionária, com profissionais especializados em pecuária, foi em oito propriedades de sete municípios dos Estados de São Paulo e Minas Gerais, além de chegar ao Centro-Oeste pela primeira vez no ano, em visita a Goiás.
Gestão
A quarta semana da primeira rota da expedição começou com visita à Fazenda Santa Carolina, de propriedade do Confinamento Nutritaurus, localizada na cidade paulista de Morro Agudo. Julia Zenatti, médica-veterinária e técnica do Confina Brasil, explica que “o foco da Nutritaurus é a avaliação rigorosa de genética, conformação de carcaça e qualidade da alimentação fornecida aos bovinos”. Julia complementa que “a logística é bem planejada, assim como o mapeamento rigoroso das estratégias e oportunidades de mercado, buscando a tomada de decisão mais assertiva.”
Já na cidade de Ipiaçu, em Minas Gerais, está a Agroatrium. Gerenciada por três irmãos, o projeto é novo, com apenas dois anos de existência. Apesar disso, o conhecimento é priorizado pelos gestores, já que enxergam que é um fator crucial para o desenvolvimento e sucesso do negócio. “Duas palavras definem bem a Agroatrium: trabalho e conhecimento. Apesar de ser um confinamento recente, os proprietários têm visão de mercado. Eles sabem o momento certo para comprar gado, além de administrarem o negócio com êxito, mesmo em momentos de crise”, aponta Julia Zenatti.
A propriedade adota um sistema de ciclo completo, englobando as fases de cria e recria a pasto. Cerca de 90% dos animais destinados ao confinamento são provenientes do próprio sistema da propriedade. Além disso, o confinamento conta com três linhas de cocho. Essa integração permite um controle mais eficiente do processo produtivo e uma melhor gestão do rebanho, resultando em benefícios tanto em termos de qualidade quanto de lucratividade.
A fazenda produz milho e sorgo, os grãos produzidos estão sendo armazenados em silos aéreos, e a propriedade está realizando investimentos na construção de um novo barracão de armazenagem. “Esse armazém abrigará o sorgo, produção própria, que será fornecido aos bovinos. Além do sorgo, o milho também é produzido na propriedade e é a base da alimentação bovina. Um dos objetivos do confinamento é diminuir os custos com alimentação, sem deixar de lado a qualidade da dieta”, completa a médica-veterinária. Outra meta da Agroatrium é a homogeneização de lotes. Para isso, há apartação dos bovinos em grupos, definidos por raça e peso.
Sustentabilidade
Muito bem estruturada, a ISM Agropecuária, em Frutal (MG), é destaque em termos de sustentabilidade ambiental. Administrada por uma sociedade de três irmãos, a ISM reutiliza os dejetos gerados no confinamento para fertilização da pastagem. “A propriedade é muito bem estruturada. Foi desenvolvida com corredores de acesso nas estradas para pastos e para o escritório. Visando eficiência aliada à responsabilidade ambiental, a propriedade trabalha com sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP), além do confinamento”, informa Arthur Rodrigues, técnico do Confina Brasil.
Seguindo seu plano de preservação do meio-ambiente e desenvolvimento simultâneo da fazenda, a ISM está construindo uma composteira para tratamento dos dejetos sólidos.
Bem-estar animal
Com o objetivo de promover o bem-estar animal, a propriedade implementou um protocolo que visa melhorar o conforto dos bovinos durante o transporte. Esse protocolo considera a relação entre o tempo de viagem e o espaço disponível para o descanso dos bovinos ao chegarem ao confinamento. Dessa forma, é garantido que os animais tenham tempo suficiente para se recuperarem e descansarem em um piquete adequado antes de iniciar a fase de confinamento.
“A responsabilidade com o meio-ambiente e com o bem-estar é fruto de treinamento realizado com os colaboradores, seja em manejo ou em manutenção de maquinário”, completa Rodrigues.
A produção de carne com qualidade superior é prioridade na pecuária mundial, um exemplo ocorre em Nazário (GO). A Fazenda Floresta, uma das unidades de pecuária da JBJ, abastece a linha Black da Friboi. Com estratégia de trabalho apenas com fêmeas Angus, a propriedade, que possui capacidade estática de aproximadamente 22 mil cabeças, usa tecnologias para aumentar a eficiência da produção. “A distribuição da dieta, assim como sua mistura, é feita por maquinário. Para o controle da poeira, mais tecnologia. Há uma estrutura para nebulização, visando o controle do pó”, conta Julia Zenatti. Esse manejo é feito em mais de 130 baias existentes na propriedade.
O investimento na alimentação dos bovinos Angus, que já têm características genéticas naturais predisponentes para carne com maior qualidade, é financeiramente elevado. “Os gestores sabem que, mesmo com investimento para fornecer uma dieta mais rica, eles colherão lucro no fim da produção, pois a carne com qualidade superior é valorizada no mercado”, completa a médica-veterinária e técnica do Confina Brasil. (Por Irvin Dias, da Texto Comunicação).
Bem-estar dos animais é outro ponto importante detectado na expedição