Estudo busca criar genótipo de batata-doce resistente à seca

Experimento com financiamento de agência de fomento à pesquisa utiliza genótipos que foram importados do Peru

PRUDENTE - DA REDAÇÃO

Data 10/02/2023
Horário 17:20
Foto: Homéro Ferreira
Produção de mudas em câmara de vegetação, a partir dos genótipos importados do Peru
Produção de mudas em câmara de vegetação, a partir dos genótipos importados do Peru

Projeto para ser desenvolvido durante cinco anos deve produzir novo genótipo de batata-doce que seja tolerante ao estresse hídrico no oeste paulista. O estudo começa a ser colocado em prática, a partir de 30 genótipos diferentes, importados in-vitro do CIP (Centro Internacional de la Papa), instituição peruana que mantém banco de germoplasmas com a maior diversidade genética possível, em nível mundial. Com financiamento da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), o projeto de pesquisador vinculado à Unoeste (Universidade do Oeste Paulista) contempla o Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Agronomia nos quesitos de relações interinstitucionais e da internacionalização.

Com o título “Desenvolvimento de genótipos da batata-doce tolerantes ao déficit hídrico” e submetido à avaliação da agência de fomento à pesquisa em março do ano passado, o projeto foi aprovado em 21 de dezembro com o aporte de cerca de R$ 800 mil, incluindo bolsas de estudos e aquisição de materiais de consumo e permanente. O recurso, ainda em fase da apreciação para ajuste que chegue a R$ 1 milhão, procede do Auxílio à Pesquisa Projeto Inicial p (Pi), ofertado pela Fapesp para apoiar projetos de pesquisa baseados em ideias audaciosas que favoreçam o estabelecimento de uma carreira de pesquisa e ensino de sucesso; a partir do critério de que o pesquisador esteja contratado há menos de 8 anos.

 

BRASIL E ESTADOS UNIDOS 

Outro critério é o de que esse mesmo pesquisador tenha obtido o título de doutor há menos de 12 anos. O professor Edgard Henrique Costa Silva foi contratado pela Unoeste em fevereiro do ano passado. Em 2019, obteve o título de doutor em agronomia, na área de produção vegetal, na Unesp em Jaboticabal. Sua brilhante jornada acadêmica passa por intercâmbios na França e no Japão. O seu novo projeto de pesquisa – que inclui estudantes de graduação, mestrado e doutorado em agronomia; e pesquisadores associados do Brasil e dos Estados Unidos – surgiu do propósito de captar recursos para pesquisa e do fato da batata-doce ser uma das principais culturas da região de Presidente Prudente, onde estão instalados os cursos de graduação e pós-graduação em Agronomia da Unoeste.

Edgar explica que o estudo amparado pela Fapesp é atual e necessário, considerando a questões climáticas de veranicos, que são estiagens em períodos de chuvas, causadoras de estresse nas plantas. “Aliando a isso o solo arenoso e temperaturas muito altas; que aumentam ainda mais o estresse”, pontua e conta que o projeto é de longo prazo, maior que os cinco anos de financiamento e que neste momento representa o começo de uma linha de pesquisa. Inicialmente, o projeto de melhoramento genético é desenvolvido na Unoeste. Depois, haverá a participação de produtores rurais parceiros, os quais darão opinião se o material produzido interessa ou não à produção comercial para o mercado nacional e internacional.

 

TECNOLOGIA E BOLSAS

Os 60 tubos que contêm os 30 genótipos importados do Peru, investimento da Unoeste como contrapartida ao financiamento da Fapesp, estão no Laboratório de Culturas e Tecidos, ainda in-vitro; para depois cultivar as mudas em Casa de Vegetação.  A importação seguiu os rigores da legislação para obter a autorização do Ministério da Agricultura, incluindo o período obrigatório de quarentena no IAC (Instituto Agronômico de Campinas), para garantir que não está entrando nenhuma praga nova no Brasil. Conforme o pesquisador responsável pelo laboratório, Nelson Barbosa Machado Neto já são 120 mudas em câmara de vegetação, ou seja: duas por tubo. Ainda há material para produzir mais mudas.

O financiamento da Fapesp contempla com bolsas dois alunos da graduação em processo de iniciação científica, dois do mestrado e um do doutorado. A participação na pesquisa pode incluir outras bolsas que se encaixem no projeto, como as que são ofertadas pela Unoeste pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica, concedidas pelo Pibic (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). O projeto envolve pesquisadores associados, sendo três pela Unoeste: Ana Cláudia Pacheco dos Santos, Adriana Lima Moro e Maria Albertina Monteiro dos Reis. Tem ainda dois de outras instituições de ensino superior brasileiras e uma norte-americana.

 

RICA TRAJETÓRIA

Pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Dr. André Ricardo Zeist que já atuou na Unoeste e dentre os seus experimentos trabalhou com batata-doce. Pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), Dr. Guilherme da Silva Pereira. Pela Universidade da Carolina do Norte, Zhao-Bang. Edgar, goiano de Montes Claros de Goiás, fez o ensino fundamental em Mutonópolis/GO, o ensino técnico em agropecuária integrado ao ensino médio em Ceres/GO, no campus do Instituto Federal Goiano (IFG). Sua formação de engenheiro agrônomo foi na Universidade Federal do Tocantins (UFT), com um período de bolsa sanduíche na França, no Agrocampus Ouest e com bolsa do programa Brafagri (Brasil-França).

O mestrado e doutorado foram no campus da Unesp em Jaboticabal/SP. Fez o mestrado com bolsa da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). O doutorado com bolsa do CNPq, incluindo período de estudos Japão com bolsa da Organização de Serviços Estudantis do Japão (Jasso). Em 1 ano de Unoeste, Edgar diz que tem sido possível produzir muito, “tanto, que parece que já tenho dez anos aqui”. Relaciona esse fato ao acolhimento, à estrutura e a obtenção de bolsas como as já conseguidas anteriormente para três alunos da graduação e uma do ensino médio, em iniciação científica. O Dr. Edgar é vice-coordenador do programa pelo qual a Unoeste oferta mestrado e doutorado em agronomia.  

 

 

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