Estado promove pactuação para descentralizar saúde

PRUDENTE - Jean Ramalho

Data 17/06/2016
Horário 10:56
 

Essa defasagem nos serviços de internação e urgência em 28 das 54 cidades da região de Presidente Prudente resulta, principalmente, em uma sobrecarga no HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo, em Prudente, que acaba absorvendo parte da demanda desses municípios. Em razão disso, a Secretaria de Estado da Saúde informa que está promovendo uma "pactuação" com municípios da região, visando implantar a chamada Rede de Urgência e Emergência, que descentralizaria os atendimentos de saúde realizados no local, sobretudo, no pronto-socorro.

De acordo com o órgão, o projeto funcionaria em três frentes. Na primeira delas, o HR assumiria o posto de hospital estruturante, como referência em atendimentos complexos. Por sua vez, outras cidades da região cederiam os chamados hospitais estratégicos, aqueles de médio porte, que poderão dar retaguarda ao estruturante. Enquanto isso, outras unidades de pequeno porte poderiam atuar como hospitais de apoio, responsáveis pelos casos de menor complexidade.

Toda essa estrutura funcionaria de maneira regionalizada, com a proposta de absorver a demanda de pacientes de, ao menos, os 45 municípios que englobam a DRS-11 (Departamento Regional de Saúde) de Prudente. Contudo, essa ação ainda não tem prazo definido para ser concluída, tampouco implantada. Isso porque, de acordo com a Assessoria de Imprensa da Secretaria da Saúde, o órgão se dedica atualmente na pactuação e negociação junto aos municípios, a fim de definir quais cidades poderão servir de suporte ao HR.

"Se trata de um processo que o Estado está tentando implantar, mas que ainda está em fase de negociação com os municípios. A secretaria está fazendo sondagens às cidades e negociando com relação aos valores, mas não temos prazo ou perspectivas para implantação, até porque caso o processo não ande, a pasta buscará encontrar outras possibilidades de promover a descentralização", expõe a secretaria.

 

Pronto-socorro

Caso se concretize, a descentralização deverá envolver principalmente os atendimentos realizados no pronto-socorro do HR. Nesta ala, o hospital, que é referência para atendimentos de alta complexidade para 45 municípios da região, também tem atendido casos de baixa e média complexidades. Condição que tem gerado eventual sobrecarga ao local, além de muita reclamação entre os pacientes.

É o caso de Cristiane Linhares, 28 anos, e de sua mãe, Maria Eunice Linhares, 56 anos. Moradoras da Vila Operária, em Prudente, as duas chegaram ao HR por volta das 13h40 pra realizar um exame cardíaco e só deixaram o local após as 17h. "O atendimento é de qualidade, mas acredito que esteja sobrecarregado, pois muitas pessoas de outras cidades recebem atendimentos em Prudente", comenta a Cristiane.

Entre os pacientes de outras localidades estava o pedreiro Reginaldo Nascimento, 37 anos, de Tarabai. Ele conta que compareceu à unidade para uma consulta com um especialista, mas diz que seria melhor se não tivesse que se deslocar de sua cidade até Prudente. "De vez em quando venho ao HR e sempre tem bastante gente, mas isso porque é a nossa única alternativa. Agora, se tivesse esse tipo de atendimento em Pirapozinho, por exemplo, não precisaria vir até o HR", relata.

 

Referenciamento

De acordo com a Assessoria de Imprensa do hospital, atualmente, 70% dos atendimentos realizados no pronto-socorro são casos de baixa complexidade, que deveriam ser absorvidos pela rede de atenção básica. Por isso, conforme publicado na edição de ontem deste diário, o HR confirma que está estudando uma proposta de referenciamento do pronto-socorro, "com o objetivo de melhorar ainda mais o atendimento da saúde pública aos pacientes da região".  A ideia, segundo o hospital, "é receber apenas pacientes casos referenciados na emergência, ou seja, graves e com risco de morte". "Contudo, ainda não há prazo para que a proposta entre em vigor, uma vez que ainda depende de análises e reuniões com todas as partes envolvidas, para que não haja qualquer prejuízo à população", relata o HR por meio de nota.

Para ajudar a estancar esta demanda, como publicado ontem, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) implantará uma mudança no atual modelo de recepção e assistência aos pacientes a partir do dia 1º de julho. O sistema da rede de atenção básica do município, composta pelas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e PSFs (Programas Saúde da Família), que antes funcionava apenas por meio de agendamento prévio, passará a acolher toda demanda diária de pacientes, conforme a necessidade e o grau de gravidade.
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