O futebol até fica de lado, nesta antevéspera das eleições majoritárias e uma discussão domina o ambiente político e trás para centro das atenções um tema que não deveria preocupar tanto a ação popular e a resposta das urnas. Todos opinam sobre os candidatos; se estes são de esquerda ou de direita, quando o que importa mesmo são os programas de governo. Esquerda e direita são termos que surgiram na França durante a revolução de 1789, antecedendo o império de Napoleão Bonaparte. Os membros do parlamento francês se dividiam em partidários do rei à direita do presidente e simpatizantes da revolução à esquerda. A confirmação do velho axioma que ensina que os semelhantes se atraem. Quando a Assembleia Nacional do período revolucionário foi substituída em 1791 por uma Assembleia Legislativa, totalmente nova, as divisões se mantiveram. Os “inovadores” sentaram-se à esquerda, os moderados no centro e os chamados “defensores da consciência da constituição” se uniram e ocuparam a direita. No nascer das expressões a marca predominante era a luta da burguesia tentando captar o apoio dos mais pobres para diminuir os poderes da nobreza e do clero. Resumindo: o lado direito ficou marcado como sendo adepto de um conservadorismo, de apoio à elite e à livre iniciativa e o esquerdo se fixou nos trabalhadores e no poder do estado. Com o passar dos anos essas expressões ganharam outros conceitos e no Brasil da atualidade é até normal que as mesmas se juntem ou seus adeptos se separem insuflados por uma ideologia discutível ligada a interesses pessoais. Como estamos vivendo dias que antecedem uma das mais importantes eleições já realizadas no país é só acompanharmos as adesões que os partidos estão fazendo para saber que direita e esquerda são termos ultrapassados e que nada definem de verdade. O filósofo Norberto Bobbio, citado por quase todos os cientistas políticos do planeta considera que a diferença é que a esquerda busca promover a justiça, enquanto a direita visa a liberdade individual. Chamar esquerdista de revolucionário poderia valer na revolução francesa e dizer que direitista é conservador também não traduz a verdade. Revolucionário é sinônimo de luta armada ou de mudanças radicais e conservador seria aquele que quer manter o status quo. Nem uma coisa, nem outra. Muitas vezes é o conservador que vai proceder a mudança, enquanto o que se diz revolucionário vive dizendo amém ao poder estabelecido. Ou vice-versa. Para mim esquerda ou direita são conceitos obsoletos e infelizmente nossos políticos, modo geral, defendem interesses partidários ou mesmo particulares e não os da nação. Enquanto isso os governantes autocratas vão tomando conta do mundo.