Insônia e sonolência exagerada pela manhã ou à tarde. Quem nunca ouviu alguém dizer que troca o dia pela noite? Pois é, ter uma noite bem dormida não passa de um sonho distante para alguns brasileiros. Segundo um estudo da Philips Royal, divulgado em março deste ano, 72% da população sofre com alguma doença que dificulta o descanso noturno, entre elas, ronco crônico e apneia. Mas afinal, o que é o ronco crônico e de que forma ele pode afetar a rotina?
Segundo o médico, especialista em Medicina do Sono, Mencius Mendes, o ronco é uma doença causada por algum tipo de obstrução das vias respiratórias. Isso pode ser culpa de fatores, como defeitos na anatomia, que podem gerar hipertrofia das amídalas ou, em alguns casos, o aumento da língua fazendo com que o espaço para a passagem do ar seja alterado e resulte na propensão do ronco.
Conforme o médico, não existe uma faixa etária mais comum para desenvolver esses problemas e, quando diagnosticado, altera a qualidade do sono fazendo com que acarrete diversos problemas para a saúde. “Afeta a memória, concentração e aumenta a propensão para doenças como Parkinson e Alzheimer”, conta.
Noites mal dormidas
Uma das vítimas do ronco diário é Vidalegre Ventura. A estudante de 21 anos conta que percebeu a dificuldade respiratória desde muito nova, quando tinha 9 anos. E agora está na fila de espera de agendamentos para realizar uma polissonografia. “O problema se agrava principalmente com as mudanças climáticas. Tenho rinite e sinusite, então quando ataca, fica ainda mais difícil para respirar, fico bastante cansada porque não consigo respirar e não durmo direito”.
Ela relata que recebe muitas reclamações dos familiares e pessoas próximas devido ao incômodo do barulho. “Minha irmã não me deixa dormir com ela porque diz que eu ronco muito”, conta. Sobre a procura por métodos que possam amenizar a situação, Vidalegre relata que faz uso de soro diariamente para melhorar as vias respiratórias. “Já tentei outros métodos, mas nada adiantou”.
Tratamentos
Mencius relata que em casos de roncos recorrentes, que não sejam acompanhados por apneia, a solução está na mudança de hábitos. Esse tipo de procedimento é chamado higiene do sono. Segundo ele, o cuidado com a qualidade de vida influencia diretamente no desenvolvimento da dificuldade respiratória.
“Por isso é uma doença que afeta tanta gente hoje em dia, porque os hábitos estão ruins, precisam praticar mais exercícios, ter uma boa alimentação, cuidar da manutenção do peso, isso gera qualidade de sono e, consequentemente, boa saúde”, revela.
Já em casos de ronco crônico, dependendo do nível de obstrução da via respiratória, pode ser feita uma cirurgia que reverta e resulte na cura do problema. Fora isso, podem ser usados aparelhos intraorais que abrem a mandíbula e ajudam a abrir espaço para respiração. “Esse aparelhos podem ser usados em casos de roncos densos e apneias leves e moderadas”, explica.
SAIBA MAIS
O ronco mais leve pode ser evitado com algumas dicas:
- Evitar o consumo de bebidas que tenham cafeína;
- Não utilizar sedativos, pois podem piorar a obstrução respiratória;
- Não ingerir bebidas alcoólicas à noite;
- E manter um peso saudável, obesidade ajuda a fechar as vias aéreas.
Se a dificuldade em respirar persistir, é necessário procurar um especialista para a realização da polissonografia e a identificação do nível de obstrução respiratória.