Até o dia 30 de junho, com entrada franca, quem passar pelo Sesc Thermas de Presidente Prudente pode conferir a exposição "Os Quatro ‘Cavalheiros’ do Apocalipse", com 13 peças do artista Mauro Alvim. São esculturas feitas com sucatas, que vão desde peças de carro, máquinas de escrever e de costura, arame e molas antigas até rodas de boi, objetos utilizados para tortura em celas no período da Ditadura Militar e outros da época da escravidão, além de vários materiais recicláveis.
Segundo a animadora cultural e responsável pela mostra, Tatiana Lazarini Fonseca, o evento compôs parte da programação da Virada Cultural Paulista 2013, na unidade, quando foi ministrada uma oficina em que os participantes construíram com Alvim a escultura de um Dom Quixote Tecnológico, com a utilização de aproximadamente 450 quilos de metal.
Em entrevista por telefone, o artista conta que o objetivo desse trabalho, assim como a maioria deles, é por meio de sua arte, humanizar as pessoas e chamá-las à reflexão em todos os sentidos, sobre o que estão vivendo atualmente. Ele diz que faz um resgate histórico, geralmente trabalhando a cultura contemporânea de Minas Gerais.
No dia a dia, busca os equipamentos (sucatas) que precisa, para junto com os poemas e poesias de grandes escritores mineiros, criar suas peças cheias de significados a serem descobertos por quem os vê. Conta que os vários anos como metalúrgico o transformou em um artista. "Uni as técnicas da metalúrgica com a paixão pela literatura! Deu certo ", expõe.
Alvim comenta que Edimilson de Almeida Pereira, Fernado Fábio Fiorese Furtado, Iacyr Anderson de Freitas e Júlio Polidoro foram os poetas homenageados neste projeto. Além de Dom Quixote que, para o artista, é o grande poeta que vive intensamente todos os sentimentos. "Ele tocou e toca muitos artistas. Sua literatura é riquíssima. Sabe aquele homem que sonha, ama e vive com todas as forças? Este era Quixote", destaca.
Vivendo a arte
Há seis anos, o artista mineiro tem vivido muito bem de sua "arte poética". Ele fala que apesar de trabalhosa e demorada, a construção das peças dá um ânimo incrível, pois a cada pecinha encaixada vai revivendo na memória momentos de toda uma vida de outras pessoas. Na montagem do Dom Quixote, por exemplo, Alvim explica que levou uma semana para ficar pronta. Isso porque já veio praticamente pré-montado.
No momento, Alvim está com uma exposição coletiva em Juiz de Fora (MG) e uma individual em Conceição de Ibitipoca (MG).
Trabalho conhecido
O escultor dos metais já tem seu trabalho bastante conhecido na região. Em Prudente, por exemplo, seu projeto "Macunaíma" deixa a entrada do Centro Cultural Matarazzo muito mais bonita. Teodoro Sampaio, no Parque Estadual Morro do Diabo, e Rosana também têm obras suas.
Há um mês, a convite da Unesco, Alvim esteve no Uruguai em um encontro de escultores. E lá deixou sua marca: uma escultura de um coração na ponta de uma manivela, que ele intitulou "Simples e Revolucionário Aparato para a Indução de Sonhos e Sorrisos". "O coração é isso: pura poesia que nos induz a sonhar e a sorrir", poetisa.