Atualmente, muito se fala sobre procedimentos estéticos para a melhora da aparência do sorriso, mas, frequentemente, os hábitos e procedimentos para a manutenção da saúde bucal ficam em segundo plano. O que poucos sabem é que a cárie dentária e os problemas gengivais são causados por um agente em comum, o biofilme dental, também conhecido como placa bacteriana.
A primeira manifestação das doenças das gengivais é a gengivite, altamente prevalente na população (entre 50% e 90%). A coloração de uma gengiva saudável deve ser rosa-pálido, com pequenas variações em virtude de fatores étnicos, além de apresentar pequenas rugosidades com aspecto de “casca de laranja”. Mudanças para a coloração vermelho-vivo e sangramento ao escovar ou usar o fio dental podem ser indicativos de gengivite (inflamação gengival), destaca o professor Caio Sampaio, docente da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, da Unesp (Universidade Estadual Paulista). Felizmente, nesses casos, o quadro ainda é reversível.
Entretanto, quando não tratada, a gengivite pode evoluir para quadros de periodontite, os quais afetam tanto as gengivas como os ossos que dão suporte aos dentes. Problemas restritos à gengiva são mais fáceis de serem tratados por meio de procedimentos realizados pelo próprio indivíduo, como a correta higienização com cremes dentais e uso de fio dental. Alguns agentes químicos presentes em certos cremes dentais e soluções para bochecho podem, também, contribuir para o controle da placa bacteriana. De modo geral, produtos contendo triclosan/copolímero ou fluoreto de estanho apresentam efeito antimicrobiano, o que pode contribuir na redução do acúmulo de placa bacteriana, explica o professor Douglas Roberto Monteiro, do curso de Odontologia e do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista).
Além da gengivite, outra doença evitável causada pelo acúmulo de placa bacteriana é a cárie dentária. Segundo o professor Juliano Pelim Pessan, da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, da Unesp, a dica é escovar os dentes com creme dental com flúor ao menos duas vezes ao dia, sendo a escovação noturna a mais importante, além de utilizar o fio dental ao menos uma vez ao dia. É importante ressaltar, entretanto, que nos primeiros anos de vida, o uso de creme dental com flúor deve ocorrer sob supervisão dos pais, para controlar tanto a quantidade colocada sobre a escova, como para estimular a criança a cuspir toda a espuma formada.
A orientação geral é que a escovação seja iniciada tão logo o primeiro dente apareça na boca do bebê, utilizando quantidades muito pequenas de creme dental (como um “borrão” ou “grão de arroz). Essa quantidade vai aumentando aos poucos, conforme novos dentes surgem na boca do bebê, até alcançar uma quantidade do tamanho de um grão de ervilha aos 3 anos de idade. Essa quantidade deve ser mantida até os 7 anos.
Para ambas as doenças bucais, visitas frequentes ao cirurgião-dentista são importantes para uma avaliação adequada, permitindo correto diagnóstico e tratamento destas condições. A ideia é que quadros simples não evoluam para outros mais severos, os quais requerem procedimentos mais invasivos e são mais onerosos para o paciente.
(Matéria integrante de projeto de extensão universitária [PROEXT-REITORIA; 19982/2023], sob coordenação do Prof. Dr. Douglas Roberto Monteiro [Unoeste])