Moradores do Jardim Califórnia, em Presidente Prudente, cobram providências quanto ao aparecimento frequente de escorpiões nas residências do bairro. De acordo com a população, a possível origem dos aracnídeos é um terreno localizado na Rua Daniel Martins, 85, onde há o acúmulo de telhas, tijolos, entulhos e até mesmo um vaso sanitário. Para evitar a proliferação do bicho, um grupo de munícipes procurou a proprietária do lote, que mora em uma casa aos fundos, no entanto, a mesma mostrou-se impassível perante a situação.
Incomodada com o problema, a chapeira Roberta Pereira Ferreira, 35 anos, diz ter recorrido às autoridades e órgãos responsáveis, contudo, recebeu a informação de que estes não podem entrar no local sem autorização judicial. “Fui ao MPE [Ministério Público Estadual], falei com o responsável, fizeram a declaração do relato do acontecido, mas até agora nada”, expõe. A Prefeitura, por outro lado, informa que já esteve no bairro e notificará a proprietária do imóvel para que faça a limpeza, ficando sujeita à multa em caso de descumprimento.
Roberta conta que o surgimento dos aracnídeos já começou a trazer consequências sérias para dentro de sua casa. No último domingo, seu cachorro foi atacado pelo bicho e precisou ser encaminhado para um hospital veterinário. A preocupação da moradora é que sua filha de 10 anos se torne a próxima vítima. “Não aguento mais encontrá-los dentro da minha residência. Mantenho o meu quintal limpo e sem entulhos, mas continuo refém desse animal peçonhento”, relata.
A manicure Leydiane Aparecida Arrais, 27 anos, confirma a gravidade do problema. Ela e o marido já encontraram três escorpiões nos cômodos e na parte externa do lugar onde moram e agora tomam cuidados constantes para preservar a segurança das duas filhas pequenas. “Evito deixá-las brincando sozinhas na varanda ou no quintal, pois a minha casa é de madeira e deve atrair os bichos. Antes de vesti-las, sempre olho as roupas e sapatos”, afirma.
A dona de casa Carolina Donadi Passos, 30 anos, por sua vez, é mãe de dois filhos, sendo que o terceiro está a caminho. O seu receio é em relação ao bebê, indefeso ao aracnídeo. Na sua casa, mais de dez já foram encontrados e descartados. Por conta disso, começou a adotar medidas preventivas, como tapar ralos e verificar a roupa de cama antes de dormir. Uma vez que a proprietária do quintal de onde supostamente os escorpiões vêm “não está aberta ao diálogo”, o interesse da residente é criar um abaixo-assinado caso não haja resposta da Prefeitura. “Os meses passam e o problema continua. A gente não pode nem mais deixar a janela aberta”, lamenta.
Segurando um pote onde conserva um escorpião adulto e três filhotes, a dona de casa Márcia Salvato Marques do Monte, 48 anos, diz que eles são apenas uma amostra diante dos “inúmeros” que já perturbaram a sua tranquilidade. Ela aponta que, na falta de colaboração da Prefeitura, os próprios moradores fazem uso do veneno, o que coloca em risco até mesmo a saúde das pessoas. “Daqui a pouco, vamos nos intoxicar com tanto veneno utilizado”, comenta. Márcia enfatiza que passou grande parte da sua vida sem nunca ter visto um escorpião e, por isso, não quer viver em um lugar onde tal situação seja rotineira. “Se o problema não for resolvido, eu me mudo daqui”, pontua.
Orientação
Além de comunicar que fará a notificação para a limpeza do terreno em questão, a municipalidade reforçou que, ao encontrarem escorpiões nas residências, os moradores devem ligar para o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) para informar sobre o aparecimento do animal. “O CCZ disponibiliza uma equipe que vai até a casa, observa as condições do local, recolhe o aracnídeo e faz orientação das formas de prevenção. Cabe ressaltar que o órgão não realiza dedetizações nos imóveis”, salienta.