“A única forma de alfabetizar uma criança com deficiência visual é pelo sistema braille. Até hoje”. A afirmação é da coordenadora geral do programa Lego Braille Bricks, Ika Fleury, que destaca a importância da formação dos educadores para a inclusão das crianças cegas, de 4 a 10 anos. Hoje, o projeto é desenvolvido através de convênios firmados entre Fundação Dorina Nowill para Cegos e as secretarias municipais de educação de todo o país.
“Quando as secretarias de educação fecham convênio com a fundação, as escolas com deficientes visuais recebem quatro kits para ser usado em salas de aula e um kit para a sala de recursos, para que todos os alunos trabalhem em grupo, na socialização”, esclarece Ika.
“Então, nós vamos na escola, nós capacitamos os professores. A gente convida as secretarias de educação para participar do programa dizendo que nós estamos distribuindo os kits para as escolas que têm crianças com deficiência visual, que engloba cegueira e baixa visão. E, ao mesmo tempo, nós fazemos um curso online de 100 horas para capacitar os educadores, bem como toda comunidade escolar”, explica a coordenadora do programa.
“Quando a gente fala em inclusão, o aluno pertence à toda a escola, não é só ao professor. E esse projeto veio para facilitar, de forma lúdica e criativa, dentro da sala de aula. E é para todos os estudantes, não só para a criança com deficiência. Isso porque o lego tem um desenho universal. Então, atende outras crianças com outras deficiências em salas de aula”, argumenta.
O kit de peças de lego com o alfabeto braille na parte superior permite que crianças com e sem deficiência visual brinquem e aprendam juntas. Cada pino representa uma letra, número ou símbolo matemático em braille e a letra convencional correspondente. Os símbolos matemáticos são brancos.
“A gente tem muito orgulho, pois a empresa dinamarquesa fabricante do Lego não só produziu as peças nos modelos necessários, como também aderiu ao projeto, que hoje está presente em 50 países do mundo”, destaca. “O projeto da fundação é de formação. Nós nos unimos com a Unesp [Universidade Estadual Paulista] para construção do curso de formação de uso de Lego Braille Bricks, que tem apoio ainda da Unoeste [Universidade do Oeste Paulista], que também introduz temas importantes para o educador que pensa em uma escola inclusiva e também em uma educação inclusiva”, afirma Ika.
“Já estamos na 11ª turma do curso, que no início foi presencial, mas passou para o online. E, nessa região, a gente tem um apreço muito grande porque o nosso primeiro projeto piloto aconteceu em Presidente Bernardes”, recorda a coordenadora do programa.
Foto: Mellina Dominato
Coordenadora geral do programa Lego Braille Bricks, Ika Fleury
Suporte online
Tutora online de aproximadamente 50 cursistas, atualmente, Daniela Jordão atua direto com os educadores em aprendizado, através de orientações semanais, entre outras necessidades. “Sempre aparecem demandas diferentes, porque a gente atende ao Brasil todo. Então cada município tem um contexto e a gente tem que se adaptar, ser flexível, para poder atender as necessidades do professor de cada município. Atualmente a gente tem em torno de 30 municípios diferentes, a cada formação, em vários estados”, revela.
Foto: Mellina Dominato
Daniela Jordão atua direto com os educadores em aprendizado de forma online