Errar e aprender no Direito

Constitui essência da educação superior nas ciências jurídicas acompanhar as profundas transformações sociais evidenciadas na era do império da informação. Sem apego aos extremos do determinismo tecnológico ou da “tecnofobia”, a evidência de uma modificação nos processos cognitivos, sobretudo a partir das novas gerações, reverbera a necessidade de constante revisitação das metodologias de ensino e aprendizagem no âmbito dos cursos jurídicos.
Neste contexto, as experiências simuladas tais como julgamentos simulados (as chamadas “moot courts”) são ferramentas extremamente importantes para o desenvolvimento e aprendizagem do estudante de Direito.
No ambiente livre da academia jurídica, as experiências pedagógicas possuem capacidade de despertar e potencializar habilidades e competências de modo a contribuir significativamente para o exercício profissional. 
Esta percepção só se torna possível a partir do abandono de velhas práticas. E uma das práticas que deve ser afastada do ensino superior é o endeusamento do acerto e demonização do erro percebidos durante a graduação. Isto porque o erro é fundamental ao processo de aprendizagem e deve ter o seu lugar de direito no ensino jurídico.
E é com essa base que se observa o potencial dos julgamentos simulados, na medida em que o ambiente de uma audiência simulada proporciona ao estudante que participa ativamente a impulsão pela ambição da vitória, e simultaneamente o desprendimento com a difícil consequência real do erro profissional.
Assim, o estudante é trazido ao centro do processo de aprendizagem de modo a construir o próprio saber, já que é reinserido em uma nova concepção dos institutos jurídicos e de suas próprias habilidades.
O papel fundamental da educação superior, portanto, sobretudo na era da informação, deve ser realocado da zona da mera transmissão de informação para a zona da criticidade, a qual é a pedra angular do seu real sentido: transformar e empoderar o estudante de modo a torná-lo autossuficiente, empregando seu potencial no exercício funcional para a sociedade.
 

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