O governo do Estado de São Paulo anunciou nesta quarta-feira a retomada obrigatória dos estudantes às aulas presenciais para as redes estadual, municipal e privada vinculadas ao Conselho Estadual de Educação a partir desta segunda-feira. Até então, a presença era facultativa às famílias. Já a partir de 3 de novembro, deixam de valer a obrigatoriedade do distanciamento de 1 metro e o revezamento entre alunos no ensino presencial. Na região de Presidente Prudente, entidades dividem opiniões a respeito do retorno obrigatório às aulas. O coordenador regional da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial Estado de São Paulo), William Hugo Correa dos Santos, explica que a categoria específica não concorda com a determinação do governo para o retorno obrigatório dos estudantes, uma vez que as escolas “não têm infraestrutura” para que os alunos retornem 100%. Tal medida, segundo ele, também retira a autonomia dos pais e responsáveis em deixar seu filho no ensino remoto.
“Muitos alunos ainda não retornaram ao presencial por conta dos riscos, seja no transporte, no contato pessoal, e, apesar de ter o distanciamento dentro da unidade escolar, eles acabam tento contato durante o intervalo”, comenta o sindicalista. “Em uma pesquisa recente, a Secretaria Estadual de Educação já admitiu que somente 24% de todas as escolas estaduais têm infraestrutura para fazer esse retorno obrigatório”, acrescenta o coordenador regional da Apeoesp.
A não obrigatoriedade do distanciamento, segundo William, também pode refletir em uma maior incidência de casos positivos de Covid-19 no ambiente escolar, além de desrespeitar as medidas sanitárias adotadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para o enfrentamento da pandemia. Para a Apeoesp, o governo deveria adiar para 2022 o retorno presencial obrigatório dos alunos. A vacinação em massa também é defendida pelo sindicato, uma vez que nem todos os estudantes estão vacinados, e, mesmo aqueles que estão, continuam sendo contaminados e, por consequência, seus familiares.
O Sintrapp (Sindicato dos Servidores Municipais de Presidente Prudente e Região), entidade que defende os interesses dos professores da rede municipal, também se manifestou quanto à decisão do Estado. A presidente do sindicato, Luciana Telles, explica que, com a retomada das aulas presenciais no esquema de rodízio, o Sintrapp fez visitas nas unidades escolares para averiguar se os ambientes eram adequados e notaram que a “realidade é bem diferente” do decreto do governo.
“Não existe estrutura para garantir segurança sanitária nem durante o esquema de rodízio, imagine com 100% dos alunos e alunas ao mesmo tempo dentro de uma sala? Com toda a certeza o distanciamento não seria cumprido, haja vista que as salas são pequenas”, enfatiza Luciana. “Retomar com 100% dos estudantes no regime presencial é colocar em risco a saúde e a vida de toda a comunidade escolar, das crianças e familiares”, considera.
O Comed (Conselho Municipal de Educação de Presidente Prudente), por sua vez, entende que, por não haver previsão de vacinação para o público abaixo de 12 anos, tampouco qualquer previsão de testagem em massa para esse público em especial, e por não haver condições físicas, nem recursos humanos suficientes neste momento, convocar 100% dos alunos para as aulas presenciais nas atuais circunstâncias, “é colocar em risco” a integridade física desse público e das pessoas com comorbidade que compõem seus núcleos familiares. Deve ser considerado que o ano letivo de 2021 não terá mais de 40 dias úteis, se considerada a data de 25 de outubro para possível volta às aulas presenciais com 100% dos alunos, conforme informado pela Secretaria Municipal de Educação.
O presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Presidente Prudente e Região, Antonio Batista Grosso, em seu turno, explica que a categoria concorda com a decisão do Estado, uma vez que as unidades vinculadas ao órgão estão seguindo à risca as medidas de prevenção contra o coronavírus. O representante da categoria acrescenta que o ensino remoto, por mais adaptado que seja, “trouxe certos prejuízos” aos alunos, principalmente quanto ao contato aluno e professor em busca das melhores soluções de aprendizagem. “Em casa o aluno não tem a presença do professor para tirar suas dúvidas, por isso consideramos que, para as escolas particulares, este retorno presencial não pode demorar mais”, afirma.
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