"Situação complicada". Esta é a condição vivenciada pela
Lumen Et Fides – Associação de Crianças Limitadas de Presidente Prudente, que presta atendimento a crianças, jovens e adultos com TEA (transtorno do espectro
autista) da cidade e de mais 14 municípios da região. Isso porque há três meses a entidade não recebe o repasse do governo estadual, fato que, segundo o diretor administrativo e financeiro da associação, Manoel Dionísio Filho, "prejudica o andamento dos trabalhos e atividades".
Entre atividades prestadas pela Lúmen está a equoterapia.
O representante esclarece que, atualmente, a Lumen atende 55 pacientes, cinco a mais do que o estipulado no contrato de serviço. Além disso, outras nove pessoas aguardam por uma vaga. Neste sentido, Dionísio Filho esclarece que já entrou em contato com a Secretaria de Estado da Saúde, para tentar um acréscimo no número de atendidos – o repasse é feito pelo número de pessoas, ou seja, R$ 2.060 para cada paciente que permanece em tempo integral na unidade e outros R$ 1.236 para quem permanece por meio período – mas, até o momento, não obteve retorno a respeito. O DRS-11 (Departamento Regional de Saúde de Presidente Prudente), por sua vez, esclarece que já providenciou a regularização dos repasses para a Instituição Lumen, "tanto que um repasse já foi realizado em fevereiro e a situação deve ser completamente normalizada nos próximos dias". "Informamos que o convênio com a unidade será renovado com ajustes financeiros e o atendimento aos pacientes não será interrompido", afirma, o órgão, por meio de nota.
Em 19 de fevereiro deste ano, o Estado divulgou no DOE (Diário Oficial do Estado) o Edital 001/2014 para credenciamento de entidades que prestam serviços a pessoas com TEA, com interesse em firmar um convênio com o órgão. O DRS-11 está entre as unidades selecionadas para receber inscrições para os possíveis convênios.
Segundo a Assessoria de Imprensa da Secretaria do Estado da Saúde, o edital é para todos do Estado. Para participar, o órgão esclarece que a entidade deve elaborar um projeto detalhado sobre o atendimento feito e, este seguirá para análise do DRS responsável pela localidade. Sobre o período de inscrição, a assessoria pontua que não tem prazo determinado para encerrar.
Trabalhos prosseguem
Mesmo com o suposto atraso do repasse financeiro, o diretor da associação esclarece que as atividades com os pacientes – hoje com dez pessoas atendidas em tempo integral e 45 em meio período – permanecem "sem alterações". Ele esclarece que a manutenção da casa, bem como os pagamentos das contas mensais, é feita – neste período sem o custeio do governo – por meio de doações de alimentos, produtos de limpeza e dinheiro – e de um fundo de reserva que a
Lumen possui, decorrente de eventos e promoções junto à comunidade. "Estamos atendendo com a ajuda da sociedade", frisa.
Dionísio Filho ressalta que a associação é a única na região que realiza, de forma gratuita, todas as ações necessárias voltadas ao paciente com TEA. São oferecidas diversas atividades como natação e equoterapia. Ele informa que a habilitação da entidade, junto ao Estado, ocorreu em 15 de março de 2013, após apresentar o projeto de prestação de serviços e que o credenciamento foi firmado em 11 de setembro do mesmo ano. O diretor explica que o contrato venceu em novembro de 2014, mas foi feito, entre a casa e a pasta estadual, um aditivo de 6 meses que garante o envio dos valores, para manutenção dos trabalhos, até 25 de maio. "Mesmo com o aditivo assinado, pararam de nos enviar os repasses", conta.
SAIBA MAIS
TEA
Trabalhando com pacientes com TEA há 26 anos, o coordenador de programação do autismo na Lumen Et Fides, João Batista de Souza Filho, pontua alguns comportamentos que os pais podem observar nos filhos que podem caracterizar o transtorno, como:
Isolamento – a criança prefere ficar sozinha;
Atraso na linguagem;
Ausência de atividades;
Déficit de atenção – a criança não olha fixo para determinada pessoa, mesmo quando chamada;
Movimentos repetitivos com objetos – um exemplo, neste caso, quando o filho pega um carrinho, o vira de ponta-cabeça e brinca só com a roda, fazendo o mesmo movimento de girar o objeto citado;
Observar se a criança fixa o olhar em aparelhos ou objetos que ficam rodando – segundo o coordenador, as pessoas que sofrem com o transtorno têm pré-disposição de ficar com olhar fixado em movimentos giratórios.
Estes são algumas das características que os responsáveis podem observar, porém, Souza Filho afirma que a primeira atitude dos pais – caso identifique algo "incomum" no comportamento da criança – é procurar um pediatra.
O coordenador esclarece que após o atendimento e eventuais exames com o médico, o mesmo encaminha a criança para um psiquiatra ou neurologista infantil, para que façam exames de diagnósticos clínicos. Sendo descartados outros tipos de deficiência, por tais profissionais, os mesmos encaminham os pacientes para uma entidade especializada para avaliação clinica. Sendo constatado o problema, as ações e atividades com a criança começam. O responsável diz que as características são mais visíveis a partir dos 18 meses de idade.