Ensino médio completo é o grau de instrução mais prevalente entre eleitores da região em 2024

Os dados mais recentes do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) revelam que o ensino médio completo é o grau de instrução mais prevalente entre os eleitores da região de Presidente Prudente em 2024. Ao todo, 215.186 pessoas que irão às urnas em outubro concluíram o ensino médio: o grupo equivale a 33% do eleitorado e destaca-se como o maior em termos de escolaridade. Embora o número de eleitores com ensino superior completo seja significativo — 103.596 pessoas —, eles ainda representam 16,02% do eleitorado total.

O levantamento feito pela reportagem de O Imparcial também mostra que um total de 13.177 (2,04%) eleitores são analfabetos, enquanto 16.595 (2,57%) declararam saber ler e escrever, mas sem formação educacional formal. Esses grupos somados representam 4,6% do eleitorado, dado que, de certa maneira, reflete um desafio persistente na alfabetização e educação básica no cenário regional e no país como um todo.

O recorte a partir dos dados do TSE indica que 43.215 (5,55%) do eleitorado tem o superior incompleto. Ao todo, 136.259 (6,68%) pessoas possuem ensino fundamental completo. Já 82.799 (12,80%) votantes têm ensino médio incompleto. E 136.259 (21,07%) eleitores não completaram o ensino fundamental.

“Capacidade de fazer boas escolhas"

Diante das estatísticas do eleitorado regional dividido por grau de instrução, onde a grande parcela ao menos sabe ler e escrever, o sociólogo Marcos Lupércio Ramos levanta questionamentos sobre a real capacidade desse eleitorado de fazer “boas escolhas” nas urnas:

“Pelos dados apresentados, a maioria absoluta dos eleitores é composta por pessoas que sabem ler e escrever. Um terço tem ensino médio completo e uma parcela significativa possui ensino superior em diferentes áreas. Portanto, em termos de formação escolar, esse eleitorado possui — ou deveria possuir — conhecimento científico sistematizado suficiente para poder exercer, digamos, 'boas escolhas' para o exercício do seu voto", afirma o sociólogo.

Ramos, no entanto, pontua que o conhecimento proporcionado pela educação básica e superior pode não ser suficiente para garantir essas “boas escolhas”. “Para respondermos essa questão, devemos analisar como o sistema que oferece educação básica e superior é estruturado e a qualidade do ensino ofertado.

Em termos gerais, pelos resultados que o MEC [Ministério da Educação] acabou de divulgar sobre a qualidade da educação básica no Brasil, especialmente o ensino médio, ainda deixa muito a desejar”, ressalta.

“Essa educação escolar contribui para que tenhamos bons candidatos e eleitores realmente conscientes do seu papel? Se essa formação escolar deixa a desejar em relação à aquisição de conhecimentos que darão suporte ao eleitor, onde esse eleitor, hoje, busca informações suficientes e necessárias para votar? Aí entram em campo mecanismos de 'formação', ou melhor, de desinformação, como as redes sociais", alerta Ramos.

“Palco das polarizações"

Ele destaca que as redes sociais, especialmente entre os jovens, são frequentemente palco de polarizações ideológicas, religiosas, de gênero e outras formas de discriminação e violência. “As informações advindas das redes sociais são também - mas não somente - oriundas de ambientes de discriminação, racismo, intolerância religiosa e outras formas de violência de seres humanos contra seres humanos. Não constituem, portanto, o melhor dos ambientes para se buscar informações, mas é o dominante hoje”, inicia o sociólogo. 

Para Marcos Lupércio Ramos, o ambiente virtual da rede social deveria sofrer a contrapartida de outras formas de relacionamento e de mecanismos de reflexão social, dentre eles, da educação escolar com qualidade e liberdade para o desenvolvimento do pensamento crítico e humano. “Há outros ambientes? Sim, a família seria um deles. Mas qual é a estruturação dessa família? Ela constrói espaços para o diálogo e a reflexão sobre os assuntos mais prementes sobre a sociedade em que se vive? Tenho minhas dúvidas e acredito que a maioria delas não está preparado para isso”.

Diante desse cenário, Ramos sugere que os eleitores busquem em suas próprias experiências e percepções sobre os candidatos a base para suas escolhas, observando o histórico dos que buscam reeleição ou sendo atentos aos discursos dos novos candidatos. “Quando são candidatos à reeleição fica mais fácil. Se o prefeito quer ser reeleito, basta observar o que ele fez ao longo dos últimos quatros anos. A mesma coisa se for o candidato a vereador que tenta o segundo, terceiro... mandato. Foi um bom vereador? Não foi um vereador criativo, construtivo e fiscalizador? Quando se é um candidato novo, as únicas informações disponíveis são as que estão presentes em seu discurso, daí a que se estar bem atento ‘a esse discurso’, o que uma formação escolar de qualidade, ajudaria”, considera o sociólogo.

Divisão do eleitorado conforme o grau de instrução