Se tem algo que faz desistir de uma conversa é quando a pessoa se dedica a generalizações.
Ou seja, no lugar de trazer algum ponto consistente ao debate, ela simplesmente coloca tudo em um bolha comum e a solta no ar à espera de uma rebatida, que não vai rolar porque generalizações simplesmente não admitem contestações.
Simples assim. Generalização é tornar um conceito geral e aplicá-lo de maneira indiscriminada a uma classe, uma profissão, religião e por aí vai. É o primeiro passo para preconceitos diversos.
E não que isso seja novo, mas as redes sociais – sempre elas, parecem ter aberto um universo ainda maior de afirmações comuns e pior que isso, talvez pelo efeito manada, dão aos generalizadores uma espécie de sensação de blindagem.
Eu mesmo sou jornalista, professor universitário e há pouco mais de um ano, servidor público. Tem noção do quanto de generalizações que ouço e leio diariamente só por conta destes atributos?
Claro, porque no dicionário das generalizações, jornalista sempre será uma pessoa mentirosa, manipuladora e pronta para acabar com raça de qualquer um que passe pelo seu caminho. Ah, além de ser também “esquerdista”, esta palavra horrível que surgiu no vocabulário dos idiotas políticos contemporâneos.
Ser professor por aqui também tem lá seus problemas de pacote comum. Menos que os jornalistas, porque até mesmo os mais lesados admitem um certo respeito pela figura profissional do educador, mas não raro é possível ler ou ouvir no mundo digital por aí que mestres e mestras são doutrinadores em potencial e que fazem um trabalho bem ruim especialmente quando os alecrins dourados dos pais relapsos vão mal nas provas. Ah, e claro, são acusados de serem “esquerdistas” também até segunda ordem.
E quando junta jornalista, professor universitário e servidor público? Preciso exemplificar as generalizações? Bem, vou poupá-los porque guardo todas no coração e prefiro me qualificar não como alguém imprescindível na sociedade, mas como um profissional que simplesmente cumpre seu papel social com honradez e honestidade. Os generalizadores diriam, então: “Ah, mas você é uma exceção”. E eu diria na sequência: “Não, meu amigo cansado intelectualmente, não sou exceção, só cuido da minha vida”.
Bem, caro leitor e cara leitora, em sua mente deve estar passando o filme das generalizações que os atingem. Todos são alvos em potencial.
Mas fica um conselho: nunca leve a sério um generalizador que não esteja disposto a enxergar o tamanho da própria hipocrisia. São patéticos. Todos eles!