Foi com nove anos que um dos empresários mais conhecidos de Presidente Prudente (a 558 km de São Paulo) iniciou o trabalho na lavoura de café, na cidade paulista de Pirajuí, onde nasceu. O primeiro emprego oficial de Laudério Leonardo Botigeli foi como faxineiro em uma farmácia. Depois que a família se mudou para Londrina (PR), aos 17 anos, iniciou sua carreira no comércio. Vendedor de secos e molhados, logo recebeu uma proposta para gerenciar a nova filial do então atacadista Vila Real na cidade de Arapongas (PR), que sob sua supervisão se tornou, em pouco tempo, a maior em número de vendas. Na cidade paranaense, Laudério conquistou espaço e em 1963 iniciou uma nova fase em sua carreira, ao criar o Grupo Liane, em Presidente Prudente, interior paulista.
Assim, o grupo prosperou a cada ano e hoje emprega 900 colaboradores entre suas várias empresas. Elas incluem indústria de massas e biscoitos, empreendimentos imobiliários, concessionárias de automóveis, lojas de materiais de construção e fazendas em Mato Grosso do Sul e interior de São Paulo. O empresário foi, ainda, grande colaborador de instituições sociais de Presidente Prudente, como a Santa Casa de Misericórdia, onde ajudou a financiar a construção da unidade de tratamento para queimados e a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) coronariana.
Também inaugurou duas clínicas de recuperação para dependentes químicos e alcoólicos. Atualmente, são 30 entidades assistenciais que recebem ajuda mensal do grupo. Fã de futebol, torcia para o Santos e adorava Pelé. O esporte também entrou em sua lista de colaboração, com o patrocínio do time de futebol da cidade, o Grêmio Prudente. Para tanto sucesso, Laudério indicava muita dedicação, seriedade e cuidado, que incluem o respeito e o amor pela família, como conta a filha Liane Botigelli, que dá nome ao grupo. "O trabalho impulsionava a vida dele, onde ele esteve presente até o fim", diz, lembrando que o pai visitou a fábrica de massas e biscoitos dois dias antes do falecimento.
A neta Muriel Botigelli destaca seu jeito firme, mas amoroso de lidar com as pessoas, um verdadeiro líder. Sempre muito otimista, tinha como característica marcante solucionar problemas e jamais reclamar, diz ela, recordando que o avô era muito brincalhão e adorava contar suas histórias para os netos, como suas caminhadas de 11 km para ir à escola. "O que para muitos seria difícil, ele nos contava com alegria e sempre ressaltava algum aprendizado. Era muito assertivo em suas opiniões, sabia de tudo um pouco", fala. Foi honesto, comprometido, focado, organizado e não negava ajuda a ninguém, completa Muriel.
Laudério morreu em 4 de junho, aos 93 anos, de causas naturais. Deixa 4 filhos, 13 netos, 15 bisnetos e uma cidade toda de luto, decretado oficialmente por três dias.
(PUBLICADO NA FOLHA DE SÃO PAULO DE 19/06/23)
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