Para muitos e desde há muito tempo os trens são apaixonantes, possuindo grande poder de atração da atenção, despertando sentimentos saudosistas (“Marias-fumaças”) e de arrebatamento pela evolução tecnológica (“trens-bala”).
Seja antigo, seja moderno, o que não muda em um trem são os elementos da sua composição: locomotiva e vagões.
Por definição de logística, “locomotiva” é o veículo que traciona toda a composição, carregando, puxando os demais componentes, os “vagões”, que são sempre rebocados, não possuindo tração própria.
Você fiel leitor desta “coluna” deve estar se perguntando, mas por que o Fernando está falando sobre trem no artigo de hoje, em uma coluna dedicada ao ESG, à Governança Corporativa, ao Compliance e à Integridade?
Vou revelar um “segredo”: quais são as fontes para tantos artigos. Atuando há 25 anos como advogado e com assessoria jurídica, já ouvi (quase) de tudo e de muitas pessoas – trabalhadores e tomadores empresários de serviço - ligadas à área trabalhista e gestão de pessoas, logo, dentre outras, as fontes são as centenas de processos nos quais já atuei e as absolutamente incontáveis conversas frequentes com empresários sobre o cotidiano trabalhista.
Dia desses conversava com um empresário sobre um prestador de serviço que ele contratou e que não possuía nenhum – nenhum mesmo! – EPI (Equipamento de Proteção Individual).
Ao ouvir isso o alertei dizendo: “Você colocou sua empresa em uma situação de risco, pois se ele tivesse sofrido um acidente de trabalho, poderia processá-la e eventualmente obter uma indenização”. Ele respondeu: “Mas Dr., deu tudo certo e não aconteceu nada! Até achei um que tinha treinamento, tinha EPIs, mas me cobrou muito mais caro, quase três vezes mais.”.
Em seguida, disse a ele que há empresas, mesmo em nossa cidade, que já não contratam mais prestadores de serviço completamente amadores, sem qualquer preparo ou estrutura física e jurídica, para não se colocarem em situação de risco, ainda que tenham que pagar valor um pouco mais elevado. E ele disse: “Mas estas empresas não vão achar prestadores de serviço organizados, estruturados; a maioria é de autônomos, pequenos empreendedores, praticamente amadores.”. “Sim”, eu disse, e continuei: “Eu sei que a maioria é assim, mas mesmo dentre esta maioria alguns já estão, ainda que minimamente, se estruturando, justamente para conseguirem novos e bons contratos, para não perderem serviço.”.
O que eu quis mostrar a este empresário e quero passar neste artigo é que em toda cidade há empresários/empresas que estão na vanguarda, que estão fazendo diferente e fazendo a diferença, pois não querem mais ficar na mesmíssima condição em que estavam ou que muitas estão há décadas. Estão enxergando cada vez mais a necessidade mercadológica de se profissionalizarem e estão exigindo dos seus prestadores de serviço que pensem e atuem assim também. Estas são “empresas-locomotivas”, que “rebocam”, “puxam” as demais para que cresçam. Por isso que são “locomotivas”, estão sempre na dianteira.
As demais, que continuam com as mesmas práticas há décadas, que não enxergam a evolução e a transformação do mercado, são os vagões, e ficam para trás, sempre a reboque e nunca na frente.
A estas “empresas-vagões” há duas opções: ou se esforçam para se tornarem “locomotivas” ou vão descarrilhar.