Em Prudente, número de doadores de medula óssea é 8,61% menor

Entre janeiro e novembro deste ano foram registrados 1.994 voluntários, menos do que os 2.182 que se interessaram pelo processo em 2017

José Reis - Em Prudente, os interessados em doar a medula óssea devem procurar a Santa Casa de Misericórdia
José Reis - Em Prudente, os interessados em doar a medula óssea devem procurar a Santa Casa de Misericórdia

Em Presidente Prudente, o número de doadores cadastrados no Redome (Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea) neste ano é 8,61% menor do que o total registrado em todo o ano passado. De acordo com o Hemocentro (Centro Hematologia e Hemoterapia) anexo à Santa Casa de Misericórdia, entre janeiro e 29 de novembro foram recebidos 1.994 voluntários, ao passo que, no mesmo período referente a 2017, houve 2.182 pessoas interessadas no processo.

Conforme a agente de comunicação do local, Zenaide Brito Bonfim Correia Martins, no país um a cada dez cidadãos tem compatibilidade e, mundialmente, um em cada um milhão, o que faz com que a necessidade por doadores seja alta e contínua. A medula óssea é um tecido gelatinoso, localizado no interior dos ossos, onde se encontram as células-tronco hematopoiéticas, que fica no osso da bacia e são responsáveis pela origem de todas as células do sangue e do sistema de defesa das pessoas.

O hematologista José Antônio Nascimento Bressa esclarece que a doação de medula óssea é voluntária, não havendo nenhuma forma de pagamento para o cadastro no Redome. Conforme o Hemocentro, o Redome foi criado em 1993, para unir informações de cidadãos dispostos a doar medula óssea. Atualmente, é coordenado pelo Inca (Instituo Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva), que fica no Rio de Janeiro.

Para doar é preciso levar documento com foto, a fim de realizar o cadastro e colher uma amostra de 5 ml de sangue, para ser comparada com o DNA (ácido desoxirribonucleico) dos pacientes que vão surgindo ou que estão disponíveis no Redome. Além disso, também é feito o exame de histocompatibilidade, para identificar as características da célula.

A agente de comunicação expõe que o contato com os doadores, se necessário, é imediato. “Quando houver compatibilidade, o Redome entra em contato”. Ela alerta que os dados das pessoas cadastradas devem estar sempre atualizados, para que não haja desencontro no momento da urgência. Quem tem ou teve alguma doença como diabetes, câncer, hepatite B, doenças de chagas, HIV (vírus da imunodeficiência humana), doenças autoimunes como lúpus, psoríase, entre outros, não deve realizar o cadastro, pois tais enfermidades impedem a doação de medula óssea.

O professor de educação física Giovane Caberlim de Queiroz, 26 anos, fala que se cadastrou para ser doador de medula óssea em 2011, quando ingressou na faculdade, em um ato de conscientização pela causa da Mariana Braga, estudante prudentina morta em 2003. Ele conta que fez a primeira doação em junho de 2017. “Foi questão de um mês para fazer a operação”. Todo o procedimento aconteceu no HA (Hospital do Amor) em Barretos. Ele conta que o processo é simples e que toda equipe que prestou auxílio é atenciosa. “O pessoal me enaltecia. Mas eu percebi que doação voluntaria é muito difícil de ocorrer”. Quando Giovani se deu conta do gesto, ele já estava no quarto e se sentiu agradecido e emocionado, expõe. “Eu dei a chance de uma pessoa viver. Eu fiquei extremante comovido”, declara Giovane. O professor de educação física fala que é importante pensar um pouco nos outros e se conscientizar.

Geovani deixa claro que se surgir uma próxima oportunidade para fazer a doação ele aceitaria com muito prazer. “Se eu for compatível, vou doar sempre”, ele explica que todo processo é explicado antes da operação, para que o doador não tenha dúvidas da sua decisão. “Eu fiz o método de pulsão. Internei um dia antes e no outro dia eu já pude ir embora”. Por ser um doador voluntário, Giovani assinou um termo confirmando que seria um doador voluntário e não queria nada em troca. Por isso, ninguém é identificado no processo, nem quem doa e nem quem recebe a doação. “A única característica mencionada, foi que eu salvei a vida de uma criança”.

Leucemia

Segundo o hematologista, a leucemia é um tipo de câncer que ocorre na formação das células sanguíneas, dificultando a capacidade do organismo de combater infecções, que pode ser tratada com o transplante de medula óssea. Porém, não são todos os tipos de leucemia que respondem bem ao tratamento. De acordo com José Antônio, os sintomas da doença são fraqueza, sangramento e infecção de repetição. O transplante de medula óssea é uma das estratégias de tratamento, além de quimioterapia e radioterapia. O médico explica que, em algumas situações, o procedimento é a única estratégia de tratamento. “Caso não encontramos o doador, o paciente acaba evoluindo a óbito”, pontua.

 

SERVIÇO

Em Presidente Prudente os interessados em doar a medula óssea – na faixa etária de 18 a 54 anos – devem procurar a Santa Casa de Misericórdia, único banco de sangue autorizado no município, localizada na Rua Wenceslau Braz, 5, na Vila Euclides.

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