Em 2022, das 85.285 unidades domésticas, em Presidente Prudente, 48,65%, ou seja, 41.489 domicílios particulares, tinham responsáveis do sexo feminino. Os lares conduzidos por homens, portanto, seguiam maioria, marcada em 43.796 (51,35%). Os dados, do Censo Demográfico 2022, intitulados “Composição domiciliar e óbitos informados: Resultados do universo”, divulgado no dia 25 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), revelam predomínio de responsáveis do sexo masculino nas unidades domésticas prudentinas de casais sem filhos; e casais com filhos de ambos. Já nos casos de domicílios de casais com pelo menos um filho somente do responsável ou somente do cônjuge; com responsável sem cônjuge com filhos e/ou enteados; e outros tipos de composições, a prevalência é de titulares femininas.
Das 85.285 unidades domésticas, que o estudo define como conjunto de pessoas que vivem em um domicílio particular, 30,51% ou 26.019 são casas com “responsável e cônjuge com filho de ambos somente”. Destas, 17.343 (20,34%) são conduzidas por homens e 17.343 (10,17%) por mulheres. Os domicílios de casais sem filhos correspondem a 22,47% do total: 19.165. Entre eles, 12.712 (14,91%) são de responsabilidade de pessoa do sexo masculino e 6.453 (7,57%) do feminino.
Quanto às unidades domésticas com casais com pelo menos um filho somente do responsável ou somente do cônjuge, estas são 5,47% do total – 4.667: 2.331 comandadas por homens (2,72%) e 2.336 por mulheres (2,74%). Nos casos de domicílios com responsável sem cônjuge com filhos e/ou enteados, elas lideram em 12,91%, 11.007 das 12.656 formações familiares do tipo, na cidade, enquanto os homens sem cônjuge com filhos e/ou enteados são apenas 1.649 (1,92%).
Outros tipos de composições são vistos em 22.778, ou 26,71% dos lares prudentinos, dos quais 9.761 (11,45%) são chefiados por homens e 13.017 (15,26%) por mulheres.
O índice de 48,65% das unidades domésticas prudentinas sob responsabilidade do sexo feminino é muito próximo do registrado nacionalmente, marcado em 49,1% dos 72.522.372 lares registrados. A proporção representa uma mudança importante em relação ao Censo de 2010, quando o percentual de homens responsáveis (61,3%) era substancialmente maior do que o percentual de mulheres (38,7%), expõe a Agência Brasil.
O sociólogo prudentino Marcos Lupércio Ramos indica que o censo de 2022 vem ao encontro da mudança da estrutura social da sociedade brasileira, no que tange ao maior empoderamento da mulher. “Portanto, quando o censo demonstra o crescimento no número de mulheres que se tornaram responsáveis por unidades domésticas em Presidente Prudente, seguindo a tendência nacional, é reflexo das políticas passadas - notadamente a Constituição Federal de 1988 - que garantem à mulher os mesmos direitos e também deveres, que são tradicionalmente - além de legalmente - garantidos aos homens”, comenta.
Ressalta que essas políticas de garantias do direito legal de igualdade, e mesmo a conquista prática dessa “igualdade”, são ainda resultado das lutas históricas das próprias mulheres. “Não foi algo ‘dado’, é fruto da luta, da busca de espaços por maior participação social da mulher. Quiçá a conquista desses espaços para a mulher se estenda das unidades domésticas e cheguem no campo político partidário e no mercado de trabalho”, destaca.
De acordo com o sociólogo, por ter esse caráter de sede regional, Presidente Prudente reflete as tendências nacionais com mais facilidade. Há, na cidade, mais cosmopolitismo, além da questão de vertentes conservadoras ser menor. “Quando se pensa em termos de ‘questões conservadoras’, principalmente aquelas oriundas de setores religiosos cristãos que tendem à interpretação mais literal dos textos bíblicos, em cidades maiores, como Presidente Prudente, há mais ecletismo nesse aspecto do conservadorismo nacional, ou seja, há mais pluralidade de pensamento e maior fluidez do mesmo”, explica.
“Pluralidade e fluidez são necessárias para a busca de princípios de igualdade e liberdade entre os gêneros. Cidades maiores consolidam mais espaços de debates e, consequentemente, para a luta, constante, por direitos. Presidente Prudente possui, além de uma grande população, centros de formação humana e de debates como as universidades e centros universitários, além de importantes veículos de comunicação como TV aberta, rádios e jornais, importantes veículos para a promoção de pensamentos e desejos sociais”, complementa Marcos.