União de forças. Essa é a definição da reunião realizada na manhã desta quarta-feira, na sede da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), em Presidente Prudente, com mais de cem participantes, para tratar do combate a um inimigo comum a todos: o Aedes aegypti. Vetor da dengue, zika vírus e chikungunya, o mosquito tem sido motivo de preocupação nos mais diversos segmentos do município, que, a partir de agora, com um número maior de envolvidos, como sociedade em geral, empresas privadas, órgãos públicos, igrejas, instituições de ensino e segurança, entre outras entidades, promoverão ações conjuntas a fim de combater sua proliferação. A primeira medida: a realização de um grande mutirão de combate à dengue nos bairros Jardim Vale do Sol, Santa Fé, conjuntos habitacionais Ana Jacinta e Mario Amato, e adjacências, no dia 24 de fevereiro, com a disposição de pelo menos 12 caçambas e quatro caminhões, fazendo rodízio para retirada de materiais descartados no ponto de encontro, que assim como cronograma geral do evento, será divulgado nos próximos dias.
A supervisora da VEM (Vigilância Epidemiológica Municipal), Elaine Bertacco, que expôs dados estatísticos sobre a doença em Prudente durante a reunião, argumenta que o encontro para tratar sobre as arboviroses foi de suma importância, principalmente neste início de ano, em função dos meses de fevereiro, março e abril serem os que maior registro de casos de dengue. O momento, portanto, é crucial para as ações que visam a eliminação dos criadouros. “Hoje temos dez casos positivos de dengue no município, mas isso não nos deixa em situação confortável diante de 284 notificações, que ainda aguardamos resultados, e outras 206 já descartadas”, destaca.
Bertacco alerta que uma preocupação da VEM é em relação ao pós-carnaval, com a possibilidade da reintrodução do sorotipo 3 na cidade, o qual já circula em outros Estado, e foi constatado em Prudente em 2007, com 243 casos. “Ou seja, temos toda uma população exposta a contrair esse vírus”, frisa. Pontua que uma segunda apreensão do órgão é em relação a chegada dos universitários, já que o município conta com uma população flutuante “enorme” proveniente das quatro instituições de ensino superior da cidade. “Como eles estão chegando em Prudente? Será que eles estão chegando em um período de transmissão?”, questiona. “Nós iniciamos uma conversa com as faculdades, para alertar os alunos sobre possíveis sintomas, para que procurem imediatamente uma assistência para monitoramento, já que o sorotipo 3 já circula em cidades próximas e no Paraná”, esclarece.
Todos contra um mesmo inimigo
O presidente OAB de Prudente, Wesley Cotini, explica que a entidade organizou a reunião em conjunto com demais entidades de classe da cidade, para a qual foram convidadas, além da sociedade civil, representantes de empresas privadas, hospitais, igrejas, universidades, entre outros. “Após algumas reuniões prévias, hoje [quarta-feira] o intuito era sair com informações e planejamento de uma ação de combate à dengue para a cidade, que definimos como a realização do mutirão, no dia 24 de fevereiro”, aponta.
Ressalta que, a partir das definições das ações do município, as empresas, classes e demais entidades poderão contribuir com a parte relacionada aos trabalhos de prevenção, que serão realizados no dia do evento. “Cada empresa, cada entidade, vai fazer a sua parte de divulgação, convocando a sociedade, o cidadão, a fazer a sua parte, cobrar o seu vizinho, o seu bairro, para que a mantenha tudo limpo e, assim, poder cobrar o poder público. Pois, não adianta a gente só cobrar o poder público e não fazer a nossa parte”, destaca.
O presidente do Comitê Municipal de Acompanhamento e Assessoramento das Ações de Controle da Dengue e Leishmaniose Visceral, Carlos Rocha Santana, o “Kal”, reforça que o objetivo do encontro foi de realmente reunir todas as entidades em um só objetivo, que é o combate a dengue. “O intuito de tudo isso é mobilizar toda a cidade, porque 50% é responsabilidade do município e, os outros 50%, é da população. O que pedimos é que todos tenham consciência, pois o poder público sozinho não dá conta”, promove. “No ano passado tivemos 36.118 casos e 24 mortes, e esse ano não queremos que chegue perto disso. Se cada um tirar dez minutos da sua semana para verificar tudo que pode acumular água e fazer a limpeza, teremos um grande avanço. A larva, depois de depositada, pode sobreviver por um ano, mas em contato com a água precisa apenas de sete dias para virar o mosquito. Então, se toda semana você tirar apenas dez minutos para cuidar da sua casa, já ajuda toda a população”, recomenda.
Também presente da reunião, o chefe do Executivo de Prudente, Ed Thomas (sem partido), exaltou que a união entre a sociedade organizada, iniciativa privada, clubes de serviços, igrejas, instituições de segurança, e demais entidades, já demonstrou uma resposta positiva na pandemia. “A única forma que temos de vencer é estando juntos, com melhores ideias, com parcerias. A Prefeitura, logicamente, tem a sua maior responsabilidade, mas 80% dos focos dos mosquitos estão dentro dos quintais, então é necessário fazer o simples dentro de casa. E, na rua, toda a nossa união”, declara. “Essa agregação de segmentos da sociedade, com certeza, vai salvar vidas”, finaliza.
Foto: Sinomar
Supervisora da VEM: “momento é crucial para as ações que visam a eliminação dos criadouros”
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Cotini explica que intuito era planejar uma ação de combate à dengue para a cidade