Em comparação com 2020, abstenções caem 4% na região; Prudente tem o maior índice 

O número de abstenções no total dos 53 municípios da 10ª RA (Região Administrativa) do Estado de São Paulo nas eleições municipais de 2024 caiu 4% em relação ao pleito eleitoral realizado em 2020. Conforme levantamento da reportagem de O Imparcial por meio das estatísticas das Eleições 2024 disponibilizadas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), foi possível constatar que, no último dia 6, 145.489 dos 646.805 eleitores não compareceram às urnas, resultando em um percentual de 22,49% de não votantes. No pleito municipal realizado há 4 anos, a abstenção foi de 26,69%. Naquela ocasião, a região tinha 673.163 pessoas aptas a votar, porém, 179.635 eleitores não compareceram às suas seções eleitorais.

Dentro do recorde regional, Presidente Prudente, maior colégio eleitoral do oeste paulista, foi a cidade que obteve o maior índice de abstenção, com 27,13% de seu eleitorado não indo às urnas, ou seja, dos 165.839 eleitores, 44.992 não votaram. Na visão da 101ª ZE (Zona Eleitoral) de Presidente Prudente, embora o número de abstenções na cidade seja grande, ele caiu em relação ao pleito de 2020. “Um dos motivos pode ser que mais eleitores estão estimulados a votar, tendo em vista as melhorias que podem ser realizadas pelos eleitos no município. No entanto, o índice de abstenção ainda é considerado alto, provavelmente devido ao desencanto com a política diante dos sucessivos escândalos e das promessas não realizadas”, pontuou a ZE em nota encaminhado a este diário. 

Também foi possível constatar que, entre os 20 municípios da região com eleitorado superior a 10 mil pessoas, 17 apresentaram percentual de abstenção maior que 20%. Os municípios com eleitorado superior a 30 mil votantes, Dracena (25,35%) e Presidente Epitácio (25,26%), fecham o top 3 de cidades com o maior índice de pessoas que não depositaram seu voto na urna eletrônica no último dia 6.

Interrelação

O sociólogo Marcos Lupércio Ramos explicou que há uma interrelação entre o tamanho - índice demográfico - das populações das cidades e o coeficiente de abstenções, votos brancos e nulos. “Quanto menor a população de um município, menores são os coeficientes de abstenção, votos brancos e nulos. O inverso também é verdadeiro: quanto maior a população de um município, maiores são os coeficientes de abstenção e dos votos brancos e nulos”.

Em Presidente Prudente, com 165 mil eleitores, a abstenção foi de 27,13% (45 mil eleitores) e os votos brancos e nulos ficaram em torno de 8% (13 mil votos), totalizando aproximadamente 35% de abstenção, brancos e nulos. Em contraste, Regente Feijó, com 15 mil eleitores, teve uma abstenção de 3,4 mil (21,8%) e votos brancos e nulos de 1.042 (7%), resultando em cerca de 29%. Cidade ainda menor, Pracinha, com 1.473 eleitores, registrou uma abstenção de 121 eleitores (8,21%) e brancos e nulos de 13 votos (1%), totalizando aproximadamente 9%.

“Há pelo menos três possibilidades para se entender essa dinâmica. A primeira é em relação ao número de eleitores que realmente mora nesses municípios. Pode estar ocorrendo que, embora estejam cadastrados como eleitores em um determinado município, na realidade, não habitam mais lá. Isso pode ocorrer por diversos motivos, como mudanças de residência, o que os leva a não justificar seu voto ou não se deslocarem para votar”, disse Ramos.

“O segundo ponto a ser considerado é a questão de pessoas em trânsito, como caminhoneiros ou estudantes em viagem. Essas pessoas, independentemente do motivo, enfrentam dificuldades para exercer seu direito ao voto”, continuou.

“A terceira hipótese é relacionada ao descrédito na classe política, que leva à percepção de que não vale a pena ir votar. Essa falta de interesse pode ser vista como 'lavar as mãos', já que a impressão é de que tanto faz quem vença a eleição. Também se deve considerar as dificuldades de locomoção para pessoas idosas e aquelas com comorbidades”. 

O sociólogo concluiu destacando que, nos municípios menores, a primeira hipótese se aplica mais, enquanto nos municípios maiores, a falta de vontade de votar é mais perceptível. “Essa análise carece de mais dados. Se pudéssemos olhar para as justificativas de ausência nas eleições, que serão feitas nos próximos 60 dias, poderíamos encontrar as reais causas das altas taxas de abstenção em municípios com maiores populações. A priori, a análise que podemos fazer é essa”.

Confira o número de abstenções, votos nulos e brancos nos 53 municípios da 10ª RA nas eleições 2024

 Fonte: TSE