O surto da dengue em 2025 na região do DRS-11 (Departamento Regional de Saúde) de Presidente Prudente preocupa. Diferentemente das últimas abordagens, a reportagem de O Imparcial traz nesta quinta-feira um comparativo do atual estágio da doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti nos 45 municípios do DRS de Prudente, um recorte menor se comparado aos 53 municípios que compõem a 10ª RA (Região Administrativa) do Estado de São Paulo.
Ainda estamos no final de março, mas através dos dados do Nies (Núcleo de Informações Estratégicas da Saúde) é possível identificar um aumento expressivo nos casos confirmados no início de 2025 quando comparados ao ano anterior.
Em 2024, foram registrados 3.844 casos confirmados de dengue, com três óbitos e cinco casos classificados como dengue grave. Além disso, 25.624 suspeitas foram descartadas, resultando em uma incidência de 519,1 casos a cada 100 mil habitantes.
Já em 2025, até esta quarta-feira (26), o cenário se agravou: 14.254 casos confirmados foram contabilizados, representando um aumento de aproximadamente 271% em relação a todo ano passado. O atual período já registrou 12 óbitos, com outros 14 em investigação, e 18 casos de dengue grave. Além disso, 3.790 casos permanecem sob investigação, enquanto 9.619 suspeitas foram descartadas. A incidência chegou a 1.921,9 casos a cada 100 mil habitantes.
Ao final de janeiro deste ano, o médico infectologista Luiz Euribel Prestes Carneiro, doutor em Imunologia e pesquisador da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), alertou para as mudanças no cenário da dengue em Presidente Prudente e na região do oeste paulista.
Naquela ocasião, o especialista alertou que as alterações climáticas apagaram a sazonalidade clássica da doença, que antes se concentrava no verão. “Hoje, casos são diagnosticados o ano todo, embora o pico ainda ocorra entre dezembro e maio, período de calor e umidade que aceleram a eclosão dos ovos do Aedes aegypti”, explicou o especialista.
Ele ainda pontuou que um dos desafios atuais é a possível circulação do sorotipo 3 da dengue na região, que até 2022 não havia sido identificado em estudos locais. “No Brasil circulam os sorotipos 1, 2, 3 e 4. Em um estudo publicado em 2023 por pesquisadores de Presidente Prudente, foi demonstrado que entre 2015 e 2022 apenas os sorotipos 1 e 2 circularam na cidade e região oeste. No entanto, embora ainda não tenha sido identificado, há grandes evidências que agora esteja circulando o sorotipo 3. Além disso, semelhante a outras doenças virais, estão havendo mutações dentro do próprio sorotipo”, realçou Euribel no fim de janeiro, ao destacar que dados publicados pelo Ministério da Saúde mostraram um aumento significativo de 28,7% do sorotipo 3 em São Paulo, naquela ocasião. “Há uma grande diferença genética entre os sorotipos”.
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