A política é a esfera de realização do bem comum, dizia Aristóteles. Para o pensador grego, o campo de atuação da política apresenta uma caracterização teleológica, ou seja, é definido pela sua finalidade, a saber: a concretização da dimensão axiológica e valorativa dos preceitos morais necessários para o bem estar geral. Aristóteles era incisivo na afirmação ética segundo a qual o bem comum somente é viável mediante a conscientização de que educação, virtude e ação política são inseparáveis.
Educação é imprescindível para a esfera pública, pois somente pelo conhecimento, pela elucidação da realidade, é possível discernir as más práticas (os vícios) das boas condutas (as virtudes). Saber distinguir as práticas virtuosas dos hábitos perniciosos é nevrálgico para a compreensão das necessidades derradeiras da comunidade. Ademais, Aristóteles afirmava que o desenvolvimento de cidadãos virtuosos é o maior bem moral da política. Portanto, é obrigação dos líderes públicos possuírem e procurarem uma formação educacional capaz de favorecer uma visão holística acerca da moralidade, da legalidade e da justiça.
Sendo assim, educação e virtude são inseparáveis. Outro ponto crucial abordado por Aristóteles é a relação entre vida pública e os interesses pessoais. O bom governante não se deixa levar pelos vícios da ganância, do mérito pessoal, da promoção particular nem pelo sucesso derradeiro de seus amigos e assessores. O líder público não enxerga na política um instrumento de subsistência, mas vê nela um instrumento de potencialização da justiça e dos preceitos sociais da equidade, esperança e da dignidade da pessoa humana. Como diria o pensador grego supramencionado, “Pois a verdade é que a cobiça dos homens e seu desejo de sucesso, de enriquecimento, estão entre as causas mais potentes dos atos calculados de injustiça”.
Portanto, diante das observações acima destacadas, devemos ter cautela no momento de decidir quem será nosso representante na esfera pública. Sendo assim, a prudência se faz necessária. Alguns questionamentos podem servir de direcionamento, tais como: “Qual a formação acadêmica do candidato?”, “ele possui experiência em administração?”, “o candidato possui renda suficiente para não precisar depender da política para subsistência?”, “o candidato apresenta conhecimento suficiente da Lei Orgânica do Município e dos elementos basilares do ordenamento jurídico?”, “ele apresenta ficha limpa e não se relaciona com corruptos?”, dentre outros.
Os questionamentos não são vinculantes, obviamente, pois a realidade é complexa demais para se encaixar em simples respostas. Contudo, devem servir de orientação para a escolha de um candidato.