Educação baseada nas habilidades, seria isso possível?

OPINIÃO - Marcos Alves Borba

Data 22/10/2024
Horário 05:00

Sir Ken Robinson, escritor, palestrante e consultor internacional em educação das artes, nasceu em Liverpool, Reino Unido. Faleceu em 21 de agosto de 2020. Um defensor ferrenho da educação e que muitas vezes buscou caminhos que pudessem orientar a vida dos jovens e quiçá do mundo. Suas sábias palavras, e tendo vários e grandes momentos e no quais sempre se posicionou, deixaram muito bem claro o quanto que os melhores caminhos, sejam para quaisquer objetivos, sem dúvidas que trabalhar nas pessoas suas habilidades, capacidades natas, serão muito mais pertinentes de quaisquer que seja uma geração.  
Assim já dizia: Nosso sistema educacional atual se baseia na ideia da habilidade acadêmica. E existe uma razão para isso. O sistema foi concebido, e no mundo todo, não existiam sistemas públicos de educação antes do século 19. Todos eles foram criados para atender a demanda da industrialização. E persistia ainda. Então a hierarquia está apoiada em duas ideias. A primeira, que as disciplinas mais úteis para o trabalho estão no topo. Então você era bondosamente afastado na escola quando criança, de certas coisas, coisas que gostava, com a premissa que você nunca iria conseguir um emprego fazendo aquilo. Correto? Não faça música, você não será músico. Não faça arte, você não vai ser artista. Conselho benigno. Hoje, profundamente errado, o mundo inteiro está envolto numa revolução. 
A segunda é a aptidão acadêmica, que veio a dominar nossa visão de inteligência, porque as universidades planejaram o sistema à sua própria imagem. Se você for pensar, todo o sistema de educação pública ao redor do mundo é uma extensão do processo de ingresso a universidades. A consequência disso é que muitas pessoas altamente talentosas, brilhantes e criativas, pensam que não são, porque aquilo que elas eram boas na escola, não era valorizado, ou era até estigmatizado. Eu acho que não podemos nos dar ao luxo de ir por esse caminho.
Segundo Ken Robinson, nos próximos 30 anos, de acordo com a Unesco, mais gente ao redor do mundo irá se formar através da educação do que desde o princípio da história. Mais gente. E isso é a combinação de tudo que já falamos. A tecnologia e seu efeito modificador, o trabalho, a demografia e a enorme explosão populacional. De repente, diplomas não valem mais nada. Não é verdade? Robinson foi mais preciso e insistente em suas colocações dizendo que quando estudava, quem tinha um diploma, tinha um emprego. Quem não tinha emprego, era porque não queria. 
Evidentemente que o Sir Ken Robinson, e tantos outros defensores da educação, nos mostram e provam que ainda iremos sofrer se não permitirmos nossos jovens e adolescentes voarem como podem, por simplesmente não erradicar dentro do sistema educacional a valorização das artes como um todo. E mais ainda, o que nortear de maneira muito peculiar o que os professores têm feito a toda essa geração durante todo esse percurso de novos talentos?  
 

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