O EDR (Escritório de Desenvolvimento Rural) de Presidente Prudente apresenta o segundo menor preço para o bezerro macho nelore, o boi gordo, o boi magro nelore e a vaca gorda, conforme boletim com os preços médios diários recebidos pelos produtores no Estado de São Paulo nos principais EDRs, divulgado na segunda-feira pelo IEA (Instituto de Economia Agrícola). O EDR de Prudente figura em terceiro lugar apenas nos valores do garrote nelore. Segundo especialistas, os valores recebem impacto da migração dos produtores rurais para outras atividades agrícolas como o plantio de soja, amendoim e cana-de-açúcar.

Nabhan: "Tendência é busca por produtos mais estáveis"
Os EDRs de São José do Rio Preto e General Salgado comercializam o bezerro (unidade) a R$ 900, seguidos do de Prudente, composto por 21 cidades, no qual o valor é de R$ 950. As regionais com os preços mais altos são Presidente Venceslau e Araçatuba (R$ 1.100).
A vaca gorda (15 kg) recebe o menor preço em São José do Rio Preto (R$ 108), seguida de Prudente (R$ 111). O valor mais alto encontra-se nas regionais de Andradina e Itapetininga (R$ 114).
Prudente figura novamente em segundo lugar (R$ 1.400) entre as cidades que comercializam o boi magro nelore (unidade) ao menor preço. O primeiro lugar é encontrado no EDR de General Salgado (R$ 1.200) e o valor mais alto, em São José do Rio Preto e Lins (R$ 1.600).
O boi gordo (15 kg) recebe seu menor valor no EDR de São José do Rio Preto (R$ 118), seguido de Prudente e Araçatuba (R$ 120). Já o maior valor é da regional de Presidente Venceslau (R$ 124).
Por sua vez, no preço do garrote nelore (unidade), Prudente tem o terceiro menor valor comercializado (R$ 1.150). O valor mais barato é do EDR de General Salgado (R$ 1.050), seguido por São José do Rio Preto (R$ 1.100). O maior preço é praticado nas regionais de Andradina e Presidente Venceslau (R$ 1.400).
Outras culturas
Segundo o empresário de leilões de bovinos, Junior Ambrósio, a região está se voltando para outro tipo de atividade agrícola, como a plantação de cana-de-açúcar, amendoim e mandioca. "Isso reflete diretamente no preço desses animais", completa. Para ele, a queda nos preços ocorre com a venda dos animais para que os produtores possam usar o espaço dos pastos para outras atividades. "Aqui eles estão vendendo os excessos de bovinos".
Conforme o empresário, a tendência é que a região de Prudente invista mais na pecuária intensiva, com o confinamento, que "trata os bois em locais fechados", ao invés de se tornar extensiva - que seria formada exclusivamente por pasto.
De acordo com Luiz Antonio Nabhan Garcia, presidente da UDR (União Democrática Ruralista), o bezerro tem maior oscilação no preço em função da "grande demanda, já que todos migraram para a cana, soja e o reflorestamento, três atividades que fizeram que a pecuária diminuísse".
Outro motivo seria o abate de 70% a 90% das fêmeas por parte dos frigoríficos, o que trouxe um desequilíbrio na cadeia pecuária, diminuindo as matrizes. Nabhan explica que esse desequilíbrio foi gerado pela migração dos produtores para outras atividades agrícolas. "Eventos como esse sempre são preocupantes em um país instável como o Brasil, sem uma política séria de comercialização", pontua.
O presidente da UDR conta que na pecuária, há cerca de três anos, o produtor perdeu dinheiro, pois o custo de produção era mais alto que o de comercialização. "Como na pecuária de corte se trabalha com o mercado regional, a tendência é que o produtor busque produtos que têm cotação internacional e são mais estáveis, como a soja, por exemplo", diz.
O responsável pela Casa de Agricultura de Prudente, Flávio Tiezzi, conta que há cerca de 30 anos, a pecuária no município "era forte, mas com o tempo a soja e a cana tomaram muita terra". Conforme ele, em alguns bovinos a oscilação é "muito pequena, e, quando é grande, se dá em função da oferta e procura".
Investimento
Dados sobre o número de cabeças de gado na pecuária de corte regional de Prudente, disponibilizados pelo IEA, demonstram diminuição no investimento nessa atividade. Em quatro anos, o EDR registrou queda de 8,5% na pecuária de corte. Em 2010, eram 581,1 mil bovinos, número que caiu para 575,7 em 2011, depois para 555,2 mil em 2012, chegando a 531,7 mil em 2013 – dado mais atualizado.
Em contraponto, como noticiado em
O Imparcial, a 10ª RA (Região Administrativa) do Estado de São Paulo, que abrange os 53 municípios do oeste paulista, é prevista como a quarta maior produtora de cana-de-açúcar do Estado para 2014.
A informação é da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento que, por meio do IEA e da Cati (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), realizou, entre 1º e 23 de abril deste ano, o levantamento da previsão e estimativa da safra agrícola para as principais culturas do Estado.
O estudo prevê que 38.992.279 t (toneladas) de cana para indústria e 396.288 t de cana para forragem sejam produzidas em cerca de 558.479 hectares de área em produção.
No que diz respeito a outras culturas, o oeste paulista fica com a previsão de segunda maior produção em quatro delas: algodão, amendoim das águas, amendoim da seca e no feijão.