Edmilson, um Gigante

OPINIÃO - Messias Meneguette

Data 02/02/2019
Horário 04:30

Todo livre pensador deve ter como meta ser livre de preconceitos, sectarismos ou fanatismos; não se satisfazer com sistemas doutrinários acabados, constituídos por conceitos rígidos, definitivos ou dogmáticos. Mas saber ouvir outras pessoas, aceitando a liberdade de pensamento sem impor seus princípios; manter a mente flexível, aberta a novas ideias e procurar sempre pensar por si mesmo, com base na pesquisa, sua razão e seu próprio discernimento, sem nunca esquecer, entretanto, que todas as verdades são relativas, transitórias, sujeitas a evoluir e que a quebra de paradigmas é uma realidade inerente ao ser humano.

O doutor Gigante foi o primeiro presidente da Sociedade dos Livres Pensadores de Presidente Prudente, fundada em 27 de outubro de 2004. Ela tem como finalidade reunir pessoas que, em geral, prezam o livre pensar para discutir, pesquisar e analisar racionalmente temas muitas vezes polêmicos, assim como ideias novas e novos paradigmas nos campos da religião, da filosofia, da ciência, da arte, da saúde... enfim, da vida.

Para alcançar essa finalidade, organiza palestras mensais com debates. Com essa prática de discussão, pesquisa e análise de ideias, contribui para o desenvolvimento de pessoas, ao mesmo tempo que presta um relevante serviço à comunidade prudentina. São, portanto, 16 anos de atividades, sempre com a presença participativa do grande guru Gigante. Mas ele dizia que como livres pensadores, não era admissível um guru! Utilizei este início, concepção do eixo mestre pelo doutor Gigante, homem de sorriso fácil e carisma contagiante, para ilustrar de forma bastante singela a essência humanista do nosso grande parceiro. Ele concebeu e esteve sempre junto à diretoria dos Livres Pensadores.

Todos que tiveram a oportunidade de seu convívio, seja breve ou mais duradouro, com certeza se impressionaram com sua prodigiosa memória. Às vezes dizia: “mas esse detalhe não está escrito” e nunca errava. Trouxe sempre comentários cheios de conhecimento que mostravam sua vasta cultura. Foi participante ativo, seja em palestras, seja em reuniões da diretoria, com comentários através de sua capacidade crítica, mas com muito jeito e sempre trilhando o caminho do meio. Gostava da Cabala, associando ensinamentos diversos à árvore da vida. Sempre era chamado a explicar o livre arbítrio; a história da Maçonaria; sobre muitas partes da Bíblia; a contribuição dos grandes avatares: Buda, Confúcio, Cristo... e também sobre Freud e Descartes, entre outros.

Enfim, em tudo na nossa vida, nestes 16 anos de Livres Pensadores, está o doutor Gigante. É uma perda irreparável. Será lembrado, tenho certeza: “... ah... o doutor Gigante diria, faria...” e certamente nossos olhos estarão molhados! Por outro lado, também aprendemos: a métrica divina nem sempre é aquela que imaginamos. Assim, tristeza não! Ele foi chamado, talvez para tarefas mais nobres... Saudades sim! Profunda saudade... Saudades sem fim!

Se me permitem, gostaria de trazer ainda um breve depoimento sobre o Gigante de entusiasmada bondade. Um meu aluno de Engenharia Cartográfica, de família pobre, um belo rapaz moreno de cabelo cacheado, uma franja lateral que praticamente cobria um olho. Um rapaz muito tímido... como se pode imaginar, sua timidez derivava certamente de seu forte estrabismo em um olho. Passando essa informação ao doutor Gigante, ele imediatamente abraçou o problema do rapaz, operando-o gratuitamente. Foi dado ao rapaz vida! Isso afirmou o próprio aluno, então já em excelente posto de trabalho, na revisão de 10 anos da correção; foi muito emocionante ver o abraço cheio de gratidão trocado por eles.

Com certeza o Gigante continuará recebendo rios de energia de gratidão de muitas pessoas. Finalizo dizendo que sempre falou de sua família, da esposa, dos filhos, com muito amor e carinho. Da grande parceria e cumplicidade com sua esposa, do apoio que sempre recebeu em sua vida. Sem esquecer de suas funcionárias.

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