Economistas aconselham investimentos comedidos

Conforme profissionais da área, diante de recuperação lenta da economia, consumidores vivenciam retraimento

PRUDENTE - ANDRÉ ESTEVES

Data 30/12/2016
Horário 09:47


É consenso entre os economistas que é preciso parcimônia nos gastos em 2017. De acordo com os profissionais Álvaro Barboza dos Santos e Edilene Takenaka, o brasileiro ainda enfrenta os reflexos deixados pela crise econômica, portanto, os investimentos devem ser comedidos, a fim de evitar o endividamento e, consequentemente, a inadimplência. Álvaro defende que essa contenção já existe na prática, visto que, em virtude da lenta recuperação da economia, muitos consumidores não sentem mais confiança em assumir novos compromissos. "As pessoas procuram se segurar, o que é muito ruim para a economia", expõe.

Jornal O Imparcial Álvaro: "Economia e instituição política andam juntas"

Para Edilene, existe a necessidade de manter altas as taxas de juros em 2017, posto que elas evitam o consumo elevado e incentivam os compradores a não lançarem mão no cartão de crédito, que, tardiamente, pode acarretar no descontrole financeiro. "Isso já refletiu nas compras de Natal. O que vimos foram diversas lojas relatando a baixa procura em seus empreendimentos. Como muitas pessoas estão endividadas, elas aprendem a gastar apenas aquilo que é necessário e a poupar o restante", enfatiza.

Poupança deve ser a palavra de ordem para 2017, ainda segundo Edilene. Para ela, antes de decidir por um investimento, é preciso analisar os riscos e planejar cuidadosamente a sua receita. A cautela de verificar se é possível economizar de 10% a 20% da renda também se faz necessária. "Fazendo essa economia, o consumidor chega ao fim do ano com uma folga e tem uma receita que pode ajudar a desafogar as despesas com o IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e o material escolar durante os três primeiros meses do novo ano", orienta.

O conselho de Álvaro para 2017 é que as pessoas físicas permaneçam comedidas, sobretudo aquelas que não têm certeza sobre sua estabilidade no emprego, ao passo que as pessoas jurídicas devem conseguir um aporte financeiro para "não quebrar". O economista não sente que o primeiro semestre de 2017 traga mudanças para o atual cenário, mas crê que o segundo forneça algum vislumbre de melhorias. Álvaro é de opinião diferente de Edilene e acredita que as taxas de juros caiam, pois "essa deve ser a medida visada". "Inclusive, penso que os braços do governo federal, como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, deveriam patrocinar taxas mais baixas e, subsequentemente, empréstimos, a fim de aliviar a situação do consumidor", denota.

A inflação baixa também pode ser uma realidade em 2017, nas palavras do especialista. "O que não é nenhum mérito, pois, com isso, muitos pequenos empresários estão quebrando", afirma. A inadimplência também deve reduzir, justamente por conta deste retraimento por parte dos compradores. "Muitos já ficaram inadimplentes e não conseguem nem abrir crédito, enquanto outros estão se segurando para evitar a negativação do nome. Se ninguém compra, isso prejudica a economia, e o país só vai ficar melhor quando a roda da economia funcionar", pontua. Uma das soluções, segundo Álvaro, seria acabar com a turbulência política instalada, posto que "não tem como a economia andar bem se a instituição política vai mal". "Não existe meio termo, ambas andam juntas", frisa.

 
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