Os bancários deverão entrar em greve na terça-feira. A categoria teve uma assembleia no fim da tarde de ontem, a qual definiu que as atividades serão paralisadas na próxima semana, porque os pedidos da campanha salarial não foram atendidos. Historicamente deflagrada em outubro, a greve será antecipada para setembro, como já previa o Sindicato dos Bancários de Presidente Prudente e Região, em matéria veiculada em agosto por este diário. "Nos anos anteriores tivemos mais rodadas de negociações. Neste ano, apresentaram a proposta e definiram que não teria como se aproximar mais do pedido da categoria. Sendo assim, nos resta recorrer à greve. Mais uma vez, os banqueiros nos empurram para a paralisação", comenta Edmilson Trevisan, presidente do sindicato.

Charlene é contra o movimento e diz que atrapalha população

Nas negociações, a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) ofereceu 6,5% e um abono de R$ 3 mil aos trabalhadores. A categoria reivindica reajuste de 14,78% - que inclui reposição inflacionária do ano, mais 5% de aumento real; PLR (Programa de Participação nos Lucros e Resultados) de três salários, mais um fixo de R$ 8.279,61; fim do assédio moral; fim das metas abusivas; mais empregos; e fim das demissões. Os bancários pedem ainda aumento no vale-refeição de R$ 652,08 para um salário mínimo, R$ 880; e vale-alimentação de R$ 491,52 também para um salário mínimo. "Nossa data-base é este mês. Sobre as demissões, a lei expressa que nenhuma empresa que dá lucros pode demitir seus funcionários com dispensa imotivada. Os bancos rendem muito dinheiro", destaca Edmilson.

Procurada pela reportagem, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), entidade representativa patronal da Fenaban, informa que "as negociações estão em andamento". De acordo com a Assessoria de Imprensa da federação, a proposta integra, para a maior parte dos bancários, aumento da remuneração que supera a inflação. "Isso porque ela envolve, além dos 6,5% de reajuste salarial, um abono de R$ 3 mil. Somando ambos, para algumas faixas salariais, o aumento chega a 15%", destaca. A proposta inclui, ainda, participação nos lucros e aumento no vale-alimentação, que passará a R$ 523,48 mensais, e no vale-refeição, que alcançará R$ 694,54 mensais. "Estes e outros benefícios pagos aos bancários estão entre os mais altos do mercado", expõe.

O sindicato regional responde por cerca de 1,2 mil bancários de 60 agências em 18 municípios do oeste paulista. Como já informado por O Imparcial, em 2015, por dificuldade em acordarem, os bancários ficaram 22 dias em greve. O sindicato regional é responsável pela situação trabalhista dos funcionários de 18 municípios, e a adesão da paralisação no ano passado foi de 98%.

 

População

A situação divide a opinião da população. Alguns compreendem e apoiam a causa dos bancários, outros são contra a medida, pois acreditam que serão prejudicados. A professora Charlene Valezi, 33 anos, é uma delas. A greve será iniciada na semana do quinto dia útil e na véspera de um feriado, e isso, para ela, deverá complicar as transações. A professora diz também que teve problemas na greve do ano passado, pois sua senha para transações via internet apresentou problemas e ela não teve a quem recorrer na agência para sanar algumas questões urgentes. "Os caixas eletrônicos continuam funcionando, mas não atendem todas as necessidades. Acho que a categoria deveria repensar em uma nova abordagem para ter os pedidos atendidos. A greve é feita todos os anos. Será que é o meio mais eficiente para conseguirem algo?", questiona.

Já o funcionário público Jonatas Lombardi, 32 anos, é a favor da greve. "O motivo é justo. A gente precisa entender a situação da categoria. Será por algum tempo, apenas. Eles têm o direito de fazer reivindicações para serem atendidos", considera.