Drones de mapeamento agora são utilizados para controlar o greening (doença causada pela bactéria Candidatus liberibacter) das lavouras de laranja de Santa Cruz do Rio Pardo, interior de São Paulo. A realização do monitoramento é uma parceria da FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista) de Presidente Prudente com a Agroterenas, empresa que vem enfrentando problemas com o greening. A Nuvem UAV, também de Prudente, se tornou parceira dessa pesquisa e oferece todo o suporte tecnológico.
O monitoramento consiste em sobrevoar o pomar e capturar com uma câmera específica, acoplada ao drone, as imagens das árvores. “Nós construímos um drone especial para esse trabalho, o UX-4. Nele vai uma câmera que consegue mapear a área realizando diferentes imagens em cores que não são visíveis a olho nu. Dessa forma é possível identificar a doença na fase primária, evitando o corte da laranjeira”, explica Alexandre Mainardi, diretor-executivo da Nuvem UAV.
O trabalho é realizado em Santa Cruz do Rio Pardo, onde uma empresa produtora de laranja enfrenta o greening. Ela abriu a porteira para os estudos que tentam barrar a doença no país.
“Nas duas primeiras fases, o nosso objetivo era verificar a viabilidade de detecção da doença greening por meio de imagens hiperespectrais tomadas por UAVs [veículo aéreo não tripulado]. Isto é totalmente possível. Agora estamos no passo seguinte que é determinar os parâmetros ótimos e que permitam produtividade. Além da doença greening, pretende-se mapear outras alterações nas plantas, como deficiências de nutrição ou plantas daninhas”, explica o pesquisador Antonio Maria Garcia Tommaselli.
Para resolver o problema de produtividade, a equipe do projeto já está testando outro equipamento da Nuvem UAV, o drone Spectral, que tem autonomia de 1 hora de voo carregando um sensor multiespectral produzido em Israel. A autonomia do drone somada ao sensor promete aumentar ainda mais o rendimento por voo.
Nos últimos anos, as lavouras cítricas sofrem com o greening, doença causada por psilídeos que deixa os pomares com a maturação irregular, reduz o tamanho das frutas e causa a deformação e a queda intensa. Para o presidente do Fundcitrus (Fundo de Defesa da Citricultura), Lourival Carmo Monaco, “os números confirmam que o greening continua sendo a principal ameaça à citricultura”.
Ainda conforme o fundo, a incidência da doença foi registrada pela primeira vez em 2004, atingindo 8,5% da produção. Já em 2018, esse percentual chegou a 18,5% das laranjeiras, o que representa 35,3 milhões de árvores do Cinturão Agrícola (Estado de São Paulo, Triângulo e sudoeste mineiro).
