A reestruturação da mobilidade urbana merece discussão constante, principalmente entre os dirigentes públicos. Propor soluções inteligentes requer estudo e planejamento, tendo em vista o crescente uso do transporte individual, seja automóvel ou motocicleta, em detrimento do coletivo. Neste sentido, concepções estão sendo elaboradas com o intuito de combater o caos urbano. Em Presidente Prudente, conforme prevê o projeto de mobilidade urbana da cidade, a primeira alternativa será a reestruturação do transporte coletivo, investindo na construção de quatro terminais urbanos, bem como a implantação da mesma quantidade de ciclovias. São mais de R$ 30 milhões em investimentos em infraestrutura do sistema viário do município. O projeto está em fase de licitação e aguarda homologação.
Secretários participaram de mesa-redonda para discutir a mobilidade urbana, ontem
O titular da Semav (Secretaria Municipal de Assuntos Viários e Cooperação em Segurança Pública), Oswaldo de Oliveira Bosquet, apresentou ontem o projeto de mobilidade urbana do município na 59ª Reunião do Fórum Paulista de Secretários e Dirigentes Públicos de Mobilidade Urbana, ocasião em que 50 cidades do Estado de São Paulo estão credenciadas e participam do evento. Entre as aplicações que serão realizadas, gradativamente, está a desoneração da área central como principal ponto de encontro dos transportes coletivos, como ocorre atualmente. Ou seja, o projeto prevê a construção de quatro terminais urbanos, nas quatro zonas da cidade, o que resultará em agilidade para o usuário. "A reestruturação do transporte coletivo é um pouco mais demorada, pois requer planejamento. É preciso avaliar a linha de desejo da população e estudar como serão feitas as alimentações dos terminais para que ocorra a triagem e o saneamento das necessidades apontadas", salienta o secretário.
O presidente do Fórum Paulista e Secretário Municipal de Transporte e Trânsito de Guarulhos, Atílio André Pereira, pontua que toda cidade inteligente precisa pensar na adequação do transporte coletivo para que não ocorra um "colapso" futuramente. "Vai chegar um momento em que as cidades vão parar se não pensarmos em alternativas viáveis, a exemplo do uso da bicicleta e do transporte coletivo, reduzindo a necessidade do uso dos transportes individuais, sendo elementos fundamentais para estruturação dos municípios", esclarece.
Já o fundador do Fórum Paulista e secretário de Transportes Metropolitanos de São Paulo, Jurandir Fernandes, avalia que a deficiência da mobilidade é a falta de espaço para o transporte coletivo. Para ele, essa é uma política deliberada desde os anos 60, mas que se acentua cada vez mais com a evolução e os preços dos automóveis, visto que estão cada vez mais vantajosos. "Os sistemas de crédito para carro e o congelamento da gasolina fizeram com que o país dependesse muito da indústria automobilística. Nos anos 80 existiam cerca de seis montadoras no Brasil, atualmente temos 30. Então, observamos uma movimentação completamente irracional do nosso espaço urbano nas cidades. Ninguém é contra o uso do automóvel, mas somos contra o mau uso dele, não podemos deixar que ocupe o espaço urbano como está ocorrendo, precisamos tomá-lo para os pedestres, ciclistas e transportes coletivos. Esse é o grande desafio", alerta.
Fórum Paulista
Hoje será o encerramento da 59ª Reunião do Fórum Paulista de Secretários e Dirigentes Públicos de Mobilidade Urbana. Na ocasião, os dirigentes públicos participarão de novas discussões e troca de experiências acerca da mobilidade. O cronograma prevê Sessão Técnica 4 – Estímulo ao transporte coletivo urbano e outros modais, às 9h, e Sessão Técnica 5 – Modicidades Tarifárias (Cidades com e sem cobradores e redução de ISS, entre outros), às 11h. O encerramento ocorre às 12h30 com considerações finais e encaminhamentos.