Dirceu Gravina nega ter praticado tortura
“Entretanto, suas vítimas, que compareceram à audiência, pediram a palavra. Uma delas, a professora aposentada Darci Miyaki, afirmou que Gravina a torturou, deixando sequelas que ela carrega até hoje", complementa a assessoria.
O delegado Dirceu Gravina negou ter torturado presos nos anos da ditadura, durante uma audiência da Comissão Nacional da Verdade (CNV), anteontem, na capital paulista. De acordo com a Assessoria de Imprensa da CNV, o policial, que atualmente trabalha na sede do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior (Deinter-8), em Presidente Prudente, teria caído em contradição durante o depoimento, que foi reservado a membros do órgão.
Segundo a CNV, Gravina, que era investigador nos anos 60 e 70, atuou cedido ao Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) do Exército, em São Paulo. "O delegado, que foi acusado criminalmente pelo Ministério Público Federal pelo desaparecimento de Aluizio Palhano, disse que ouvia gritos de tortura no período que trabalhou no DOI-Codi. Depois afirmou que os gritos seriam ‘simulados’", expõe. "Entretanto, suas vítimas, que compareceram à audiência, pediram a palavra. Uma delas, a professora aposentada Darci Miyaki, afirmou que Gravina a torturou, deixando sequelas que ela carrega até hoje", complementa a assessoria.
Audiência
O depoimento do delegado ocorreu durante uma audiência na qual a CNV apresentou seu quarto relatório parcial de pesquisa, que abordou a questão dos centros clandestinos de tortura. No relatório, a comissão e a equipe coordenada pela professora Heloísa Starling, do Projeto República, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), identificaram 17 centros clandestinos de tortura, ou seja, locais em que ocorriam graves violações de direitos humanos operados fora de quartéis ou delegacias.
Ontem, o delegado mais uma vez não foi encontrado pela reportagem para falar sobre o assunto.