A agricultura responde, atualmente, pela retirada de 70% da água de superfície e subterrânea, de acordo com dados da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), o que demonstra a necessidade de promover estratégias que garantam a preservação dos recursos hídricos em âmbito global. Uma delas é a sua reutilização adequada, que é um tema abordado durante a primeira edição do Simpósio Internacional sobre Meio Ambiente, realizado pela Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), em Presidente Prudente, por meio de seus programas de pós-graduação stricto sensu. Iniciada na terça-feira, a programação segue até o sábado e traz uma série de palestras ministradas por pesquisadores do Brasil, Espanha, Argentina, Venezuela e Itália.
Em âmbito nacional, a coordenadora do mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional da universidade, Alba Regina Azevedo Arana, explica que não é comum a prática de reutilização da água, uma vez que ainda é pouco fomentada a ideia de captar toda a concentração utilizada em determinado setor, fazer a descontaminação e empregá-la para outros fins. Em outros países, no entanto, esta já é uma realidade vigente e que tem contribuído para reduzir os índices de desperdício de água e conservação das bacias hidrográficas.
O secretário-executivo do CBH-PP (Comitê da Bacia Hidrográfica do Pontal do Paranapanema), Sandro Selmo, expõe que, diferente da indústria, o segmento da agricultura não costuma armazenar a água aplicada nas atividades. Sendo assim, a técnica mais indicada para a irrigação dos plantios é o gotejamento, que utiliza somente a quantidade necessária. Com a técnica de dispersão, por outro lado, toda a água consumida se infiltra no solo em volume superior ao que a vegetação realmente precisa.
Ontem, o representante participou da 20ª edição do Encob (Encontro Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas), em Florianópolis (SC), que trouxe a reciclagem da água como uma de suas principais pautas. “Essa ideia vem sendo muito discutida em eventos do gênero, sobretudo para a indústria, que consegue armazená-la e depois reutilizá-la”, comenta. Diante da atual crise hídrica registrada em diferentes pontos do Estado em função da estiagem, Sandro acrescenta que empresários do ramo têm sido muito receptivos a essa iniciativa, tanto é que a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) já executa a reciclagem da água das lagoas de tratamento e a comercializa para usos não domésticos.
Fomento à pesquisa
Em relação ao simpósio internacional, Alba diz ser a primeira vez que Prudente realiza um evento sobre o assunto com esta magnitude. No total, foram recebidas 250 inscrições, além de 90 estudos desenvolvidos por pesquisadores brasileiros e estrangeiros, os quais se debruçam sobre um dos três eixos que norteiam a programação: recursos hídricos, solo e agricultura. Para a coordenadora, proporcionar esta discussão para o oeste paulista é “muito pertinente”, considerando que implica diretamente no desenvolvimento da região, fortemente marcada pelo agronegócio.
A docente conta que a universidade promove um programa de mestrado e doutorado em agronomia, dentro do qual são executadas pesquisas voltadas à integração do homem do campo, o manejo apropriado do solo e dos recursos hídricos, entre outros temas. “Quando reunimos todas essas ideias em um simpósio e abrimos as portas para que outros pesquisadores compartilhem os seus trabalhos, temos a oportunidade de discutir se, do ponto de vista regional, estamos seguindo o caminho correto, bem como estabelecer alianças com esses países a fim de colhermos resultados juntos”, pontua.
SERVIÇO
A programação completa do Simpósio Internacional sobre Meio Ambiente pode ser acessada em http://bit.ly/simposiounoeste.
